Quais artistas – brasileiros ou internacionais – podem ser gabar de, em um intervalo de três anos, lançar o álbum de estreia, ganhar um dos prêmios mais importantes da música e ainda ter um filme sobre suas vidas exibido nos cinemas? A dupla Anavitória fez tudo isso. E, mesmo tendo duas integrantes jovens e fora do eixo Rio-São Paulo, ganhou o mundo sem concessões: mostrou que o pop rural feminino pode viver sem depender do circuito da música sertaneja e hoje é um dos principais duos da MPB. Ana Clara Caetano Costa (Goiânia, 1994) e Vitória Fernandes Falcão (Araguaína, 1995) se conheceram em Tocantins, ainda na escola, mas só começaram a se relacionar musicalmente na universidade – Ana cursava medicina, e Vitória, direito. No princípio, as duas faziam versões de suas músicas preferidas e publicavam na internet. Uma delas terminou nas mãos do produtor e empresário Felipe Simas, que assinou as garotas e batizou o projeto de Anavitória. O sucesso da dupla foi meteórico e surpreendente. “Singular” virou o grande sucesso do primeiro EP homônimo, de 2015. Com menos de um ano, Anavitória já havia assinado com a Universal Music e trabalhava no primeiro álbum, que gerou os hits “Agora Eu Quero Ir” e “Dengo”. A mistura do romantismo campestre com um ar moderno se encaixou perfeitamente na nova geração do bedroom pop: as garotas eram originais, suaves e confessionais. Com três anos de trabalho, elas começaram a colecionar GRAMMYs Latinos, como o prêmio de melhor música em língua portuguesa de 2017 por “Trevo (Tu)”, com Tiago Iorc, e o de melhor álbum pop contemporâneo em língua portuguesa por O Tempo É Agora (2018), segundo trabalho da dupla. Ainda em 2018, Ana e Vitória protagonizaram um filme sobre suas vidas dirigido pelo cineasta Matheus Souza. A dupla não ficou parada durante a pandemia: lançou música sobre o período (“Me conta da tua janela”) e um álbum surpresa: Cor (2021), com participações de Rita Lee e Lenine. O show, afinal, não pode parar. E tem de ser rápido.