Conhecida por uma técnica deslumbrante e pela presença de palco, a pianista georgiana-francesa Khatia Buniatishvili é uma musicista cujas apresentações chamativas dividem opiniões. Algumas vezes, a velocidade destemida sugere um descompromisso com a narrativa dramática; em outras, ela encanta com uma poesia sem esforço, revelando o instinto musical que vai além do mero sensacionalismo. Buniatishvili nasceu em 1987 em Batumi, cidade próxima à costa do Mar Negro na Geórgia (na época, ainda parte da União Soviética), e fez sua estreia pública com a Orquestra de Câmara de Tbilisi aos 6 anos. Após estudar em Tbilisi e em Viena, ela assinou como artista exclusiva da gravadora Sony Classical em 2010. Algumas gravações enfatizam sua abordagem virtuosa do grande repertório romântico – do álbum de estreia de Liszt (2011), que frequentemente prioriza a euforia sobre a lucidez, inclusive em performances unidimensionais da Sonata em Si Menor e da Valsa Mefisto, para gravações mais bem-sucedidas dos Concertos para Piano Nº 2 e Nº 3 de Rachmaninoff, com a Orquestra Filarmônica Tcheca e Paavo Järvi (2017). Diversos álbuns de repertório misto (Motherland, 2014; Kaleidoscope, 2016; Labyrinth, 2020) revelam outros aspectos da personalidade musical de Buniatishvili, com belas joias líricas, embora, ocasionalmente, suas distorções de compasso e ritmo deem a impressão de que a música está entrando e saindo de foco.