Ao ouvir a vibrante execução de Maria João Pires com Claudio Abbado na gravação de 2012 do Concerto para Piano Nº 27 ou a intensidade que ela encontra no Concerto para Piano Nº 20 não é difícil entender por que a pianista portuguesa é atualmente considerada uma das melhores intérpretes de Mozart. Uma de suas apresentações mais extraordinárias do Nº 20 foi com o maestro Riccardo Chailly em Amsterdam, em 1999, quando, após perceber que tinha preparado a peça errada, ela fez a troca e entrou no momento certo e sem falhas. Este é o talento da pianista nascida em Lisboa em 1944 e que começou a apresentar recitais públicos aos cinco anos. Pires também se tornou referência no repertório romântico: sua gravação dos Noturnos de Chopin de 1996 ainda está entre as melhores, capturando a profundidade poética e o lirismo livre dessas obras intimistas. A gravação de 2014 dos Concertos para Piano Nºs 2 e 3 de Beethoven, com Daniel Harding, engloba todo o alcance da expressão dramática do compositor. Apesar de os rumores sobre a aposentadoria de Pires circularem há alguns anos, ela não dá sinais de que pretende parar e continua a apresentar o principal repertório de Beethoven, Mozart e Schubert para plateias arrebatadas.