The Disney Book (Deluxe Edition)

The Disney Book (Deluxe Edition)

Por um lado, o talento inato e os anos de trabalho duro pavimentaram o caminho para Lang Lang se tornar uma estrela global; por outro, se não fosse por Tom & Jerry, ele provavelmente nunca teria tocado em um piano. Os personagens que vivem em pé de guerra chamaram sua atenção quando criança com Hungarian Rhapsody Nº 2, de Liszt, essência musical de The Cat Concerto, animação da dupla vencedora do Oscar de 1947. Um piano vertical foi acrescentado à mobília da família e, logo em seguida, o pequeno Lang, aos três anos, começou a fazer aulas. O poder dos desenhos animados em inspirar mentes jovens e apresentar milhões delas à música clássica está por trás do mais recente álbum de Lang Lang, lançado pela gravadora Deutsche Grammophon. The Disney Book mergulha no legado de uma das organizações culturais mais influentes do último século – afirmação apoiada pela profundo impacto das trilhas sonoras da Disney nas memórias de infância praticamente desde a invenção da música para filmes. “Fizemos um grande sucesso com Piano Book, que, após o lançamento, em 2019, alcançou muita gente que não conhecia música clássica”, recorda Lang em entrevista ao Apple Music. “Então pensamos: ‘O que podemos fazer para ajudá-los a dar o próximo passo?’ Claro, poderíamos ter lançado um Piano Book Two, mas não faria uma grande diferença. Começamos a pensar em desenhos animados, porque eles foram uma parte muito importante da minha vida quando eu era criança.” Personagens animados, acrescenta Lang, não são limitados por barreiras nacionais ou convenções culturais. Acima de tudo, eles satisfazem a carência de todas as crianças por fantasia. “O desenho animado é uma coisa mágica para as crianças. Se você está ensinando algo e fala sobre uma pessoa real para elas, acho que isso é menos efetivo do que usar um personagem animado. É como um ímã que as atrai para um mundo mágico, que é real, mas é também uma fantasia. É isso o que as crianças mais amam.” Lang Lang percorreu uma enorme gama de trilhas sonoras de desenhos animados antes de se decidir pela Disney. “Sentimos que o álbum precisava de um tema. Não dá para pular de Tom & Jerry para Looney Tunes, Transformers, mangá japonês e Os Flintstones. Eu diria que os filmes da Disney representaram 90% da nossa infância, por isso escolhemos este tema”, explica. “Musicalmente falando, acho Mary Poppins o melhor de todos. Se você escutar as melhores faixas do filme, como ‘Feed the Birds’ e ‘A Spoonful of Sugar’, nada as supera.” Lançado a tempo para o ano do centenário da Walt Disney Company, The Disney Book cobre um amplo leque da história do cinema e de estilos musicais. A tracklist do álbum resgata clássicos como “Who’s Afraid of the Big Bad Wolf?”, de Os Três Porquinhos (1933), e “When You Wish Upon a Star”, de Pinóquio (1940), sem deixar de explorar hits contemporâneos, como “Remember Me”, de Viva: A Vida é uma Festa (2017), e a composição de Lin-Manuel Miranda “We Don’t Talk About Bruno”, de Encanto (2021). Como não podia faltar, a seleção também traz “Let It Go”, a balada de Elsa na animação Frozen (2013), e a tradicional “It’s a Small World” (1964) – que Lang escutou pela primeira vez aos 13 anos, quando visitou a Disneylândia de Tóquio. A combinação entre Lang Lang e Disney exigiu – e recebeu – arranjos musicais extravagantes. O pianista se lembra do aprendizado com a experiência de fazer o álbum New York Rhapsody (2011), no qual ele tocou como apoio para o grupo de vocalistas da gravação. “Aprendi uma enorme lição ali”, ele conta. “Às vezes você comete erros, principalmente em uma área que nunca explorou antes. Para The Disney Book, falei para a minha equipe: ‘Precisamos encontrar os melhores transcritores’. Profissionais como Stephen Hough, Thomas Lauderdale, Natalie Tenenbaum, da Juilliard School of Music, David Hamilton – grandes músicos que conseguem criar arranjos fantásticos. Construímos esse exército de transcritores de piano e, então, trabalhamos muito para garantir que o álbum não se tornasse uma seleção de músicas de baile.” Qualquer risco de o piano desaparecer no fundo foi dissipado quando Lang instruiu os arranjadores a se lembrarem das transcrições de teclado de Franz Liszt e Vladimir Horowitz. “Queríamos que a virtuosidade para piano estivesse ali”, diz. “Em ‘Baby Mine’, de Dumbo, conseguimos algo parecido com Debussy! Eu queria que todas as habilidades do piano clássico brilhassem nesta gravação.” Disponível na versão standard e na edição estendida deluxe, The Disney Book é recheado de belas demonstrações de pianismo – algumas em parceria com a Royal Philharmonic Orchestra, outras como números solo ou peças gravadas com um punhado de artistas convidados, incluindo Andrea Bocelli, Miloš Karadaglić, Jon Batiste, Guo Gan, músico chinês que toca erhu, e Gina Alice, esposa de Lang. “Se eu tivesse que escolher uma melodia da Disney, seria ‘When You Wish Upon a Star’. Ela é muito simbólica”, diz Lang Lang. “Originalmente, eu havia convidado Pharrell Williams para cantá-la. Ele pirou! E disse: ‘Você pode me pedir para fazer qualquer outra coisa. Tenho medo de cantar esta música. Todo mundo conhece a melodia, é muito difícil de cantar.’ Aparentemente, ninguém queria fazer isso. Então perguntei para a Gina: ‘O que você acha?’ Ela disse: ‘Olha, sou uma pianista, não uma cantora de verdade. Mas vamos nessa.’ E ela a cantou belamente!” Stephen Hough, um virtuoso pianista de concerto, transcreveu ‘Feed the Birds’ no estilo de um prelúdio de Rachmaninoff, enquanto as passagens apressadas e os desafios técnicos de Natalie Tenenbaum em Mary Poppins Fantasy fizeram Lang Lang suar a camisa – e a ponta dos dedos. “Stephen fez um trabalho fantástico”, diz. “E a excelente transcrição de Natalie é bem difícil de tocar. É como uma combinação de Liszt e Horowitz. Meus dedos ficaram meio queimados de tocá-la!”

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