O Amor Liberta

O Amor Liberta

Depois do lançamento do EP Só Conheço o Mar, em 2020, Roberta Campos disponibiliza o seu quarto álbum de estúdio, O Amor Liberta. Ambos chegaram ao público durante a pandemia do coronavírus, mas a cantora conseguiu ver o lado positivo do momento. “Tudo foi diferente porque normalmente a gente lança e já vai para a estrada, com o feedback das pessoas ao vivo”, explica em entrevista ao Apple Music. “Mas essa coisa da internet ajudou e nos deu a possibilidade de ir com a música a lugares aonde não poderíamos ir de imediato. Poder fazer esses dois trabalhos durante o período da pandemia foi diferente, mas, ao mesmo tempo, parece até que deu uma força maior para a música, porque tudo o que vivemos durante esse momento foi muito intenso.” Para a artista, O Amor Liberta chega ao público como um respiro. “A música ajuda muita gente. Esse álbum vem com isso, com uma mensagem muito positiva, de resiliência. Ele é muito para cima, e eu fiquei pensando: ‘Por que não lançar agora e abraçar as pessoas com essas faixas?’”. Campos acredita que as músicas têm até mesmo um papel “curativo”. O repertório do álbum estava pronto desde o início de 2020. A programação era entrar em estúdio em março para lançá-lo em maio. Mas a pandemia chegou. “Estava tudo pronto, só que, como eu entrei em uma fase bem criativa, compondo bastante, acabei substituindo duas músicas que estavam no repertório, isso no final de 2019”, diz Campos. “Por fim, entrei no estúdio em setembro de 2020 e voltava ao álbum a todo momento, para deixá-lo pronto para o instante certo.” O Amor Liberta é mais maduro do que seus outros trabalhos e traz consigo toda a bagagem da artista. Produzido pela cantora e por Paul Ralphes, o título nasceu deu uma das músicas, “O Vento que Leva”, a nona faixa do álbum. “Ela fala que ‘o amor que ensina, liberta’, e o nome veio daí”, explica. “E porque o amor de fato é libertador. E eu estou nesta fase de entender que o amor liberta: o amor-próprio, para começar, e o amor por tudo o que você tem e o amor de um relacionamento bom. Eu me sinto em um momento muito bonito da minha vida, em que isso veio para mim.” Dedicado à esposa Marina e à avó Rosária, O Amor Liberta tem 11 faixas e algumas participações especiais, todas detalhadas abaixo pela própria Roberta Campos. Pro Mundo Que Virá “Essa foi a última música que entrou no álbum. Um dia me veio a ideia de escrever tudo o que eu espero para o mundo que virá, e ela é muito positiva e fala de um desejo que eu tenho para a minha vida e para o mundo, para todas as pessoas. Escolhi essa para abrir o álbum porque acho que ela passa bastante a mensagem que quero transmitir com esse álbum, além de que o amor liberta. É sobre tudo o que eu espero, até pelo momento que vivemos [de pandemia]. Um dia eu acordei – estava em uma fase em que acordava cedo para ir ao estúdio compor ou fazer alguma coisa antes de começar a vida – e veio uma ideia. Daí eu fiz os arranjos com Paul Ralphes e levei muitas ideias, e pensava muito em sopros, como aqueles de ‘Anunciação’, abrindo as porteiras da vida.” É Natural “Essa é a faixa que fiz com Luiz Caldas. É engraçado porque eu deixei a ideia dela guardada por muito tempo, desde 2014. A gente se conheceu por causa de um vídeo que ele mesmo me mandou em uma rede social, cantando uma música minha em um show. Ele disse: ‘Vamos compor?’, e eu topei. Ele me chamou para participar de um ensaio de carnaval em 2019 e novamente em 2020, que foi quando ele me contou que tinha uma ideia de música para me mostrar. Foi no início de 2020 que terminamos essa faixa e a coloquei na lista do álbum. É uma felicidade grande ter um cara tão genial assim com uma música no meu álbum.” Floresço na Tua Vida “Estava no Rio de Janeiro, fazendo uma participação no show do Zéu Britto, hospedada em um hotel com uma vista linda para o mar. Acho que aquilo me tocou bastante. Acordei cedo no outro dia, tinha que me arrumar para ir para o aeroporto, mas me veio uma ideia de melodia e comecei a fazer a música ali, no Rio. Cheguei em casa e a terminei. Ela é bem florida, fala desse amor que traz coisas boas, que invade a vida da gente e floresce, fornece crescimento em todos os sentidos.” Miragem “‘Miragem’ eu criei voltando do dentista. Estava falando com a Marina [esposa da cantora] sobre música, porque, além de trabalharmos juntas, amamos música. E conversa vai, conversa vem, começamos a ver algumas coisas no carro. Cheguei em casa e fui direto para o estúdio e criei um riff, que, se você prestar atenção, fica na música o tempo todo. Dentro dele fui criando a melodia e a letra, com duas pessoas conversando. Fiquei com aquilo na cabeça, mas tinha que chamar alguém para cantar comigo, porque eu a criei tão fechada nesse diálogo que até a demo que eu tinha gravado era assim. Então, um dia no carro, ouvindo rádio, começou a tocar Natiruts, e eu pensei: ‘Vou chamá-los para cantar, tem tudo a ver!’. Mandei uma mensagem para o Alexandre [Carlo, vocalista do Natiruts], com quem eu já falava havia algum tempo, e mandei a música, pedindo para que ele cantasse comigo. Ele topou na hora, gostou do tom, achou maravilhoso.” O Futuro Nos Aguarda “Eu estava ouvindo algumas músicas e comecei a tirar algumas delas no violão. Sempre tenho essas viagens de testar alguma coisa no violão ou cantar a música de alguém, e isso me leva para um lugar totalmente diferente daquele que eu estou ouvindo ou construindo. É uma coisa de inspiração mesmo. E nasceu essa música! Fui criando os acordes e ela surgiu desse processo de ouvir e descobrir.” Começa Tudo Outra Vez “Essa música eu fiz com o Humberto [Gessinger]. E é engraçado, porque essa faixa apareceu em 2016, quando eu concorri ao Grammy Latino de Melhor Álbum de MPB, com Todo Caminho É Sorte. E eu estava muito feliz porque tinha concorrido, mas também estava chateada porque tinha perdido. Estava no carro e recebi um e-mail, e era a resposta da minha ideia de música que eu tinha enviado ao Humberto. Eu estava falando com o pessoal do escritório, e me disseram que tinha um presente no meu e-mail; abri e a letra estava lá. Mas eu não vi que tinha um arquivo, que era ele cantando. Fui perceber um tempo depois. E foi muito emocionante. Conheci o Humberto no final de 2015, em um show dele em São Paulo, e nos demos muito bem, até por sermos capricornianos – nos unimos no signo. Tivemos uma sintonia boa, e, quando eu mandei a ideia da música, ele ficou bem empolgado. Essa faixa tem muito nossa identidade e acabou se complementando com a parte de cada um, até que ele aceitou cantar comigo.” Chegou o Meu Verão “Eu conheci o De Maria, um garoto do Pará, quando que ele abriu um show da Luiza Possi do qual eu também participei. Rolou uma sintonia boa, e eu gostei muito das músicas dele. Falei: ‘De Maria, estou com uma ideia de música que, se você gostar, podemos terminar juntos’. Ele topou e coloquei no álbum. Foi uma parceria muito feliz.” Aquário “Fiz essa música em 2011, e ela ficou guardada esse tempo todo, dez anos. Eu vi agora o momento perfeito para lançá-la. Quase que ela entrou em Diário de Um Dia, o meu segundo álbum de estúdio, e eu comecei a construí-la quando estava tirando um exercício de arpejo em um livro do Henrique Pinto – e isso foi o mais próximo que eu cheguei de estudar música, porque eu sou autodidata e a minha música vem do coração. Mas comprei esse livro, comecei a tirar esse arpejo e me vi fazendo esse dedilhado que tem na faixa, que eu construí nessa música. Fui juntando várias coisas que eu estava sentindo, como essa coisa da chuva de verão que molha as nossas vidas, porque acho que era dezembro e todos os dias choviam de noite.” O Vento Que Leva “Acordei cedo, e ela começou a vir para mim. Eu sou uma pessoa que sempre se sente muito nostálgica, sente saudades. Gosto muito de lembrar das coisas boas – não que não venham as histórias ruins também, sou uma pessoa normal. Mas gosto de pensar em coisas boas, de comentar e sentir. E nessa música eu falo dessas saudades e dessa minha expansão de consciência. Acho que ela tem essa forte mensagem e acho gostoso quando a música vem dessa forma, bem natural e tranquila.” Se a Saudade Apertar “É a minha parceria com o Hyldon. A gente se conheceu em 2016 e começamos a compor bastante. Essa foi uma das primeiras músicas, e eu a achei tão especial, pela mensagem dela e por ser uma das primeiras que a gente fez. Eu sou muito fã do Hyldon, e fiquei muito feliz, tive esse presente.” Rosária “Essa música eu fiz para a minha avó, que sempre foi muito minha fã. Ela me criou – fui morar com ela com 11 anos – e faleceu em 2017. É a pessoa que me ensinou esse amor todo que eu canto nas minhas músicas. Fecho o álbum com essa música em homenagem a ela e a esse amor que eu aprendi e nasci para espalhar – foi ela quem me ensinou com o amor que deu para mim. Quando ela faleceu, eu ficava pensando como seria dali para frente, porque era muito estranho, éramos tão ligadas... E você se encontrar no mundo, depois de perder alguém assim, me fez pensar muito. Mas entendo que hoje ela está ainda mais presente na minha vida.”

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