Pearl Jam

Se o Nirvana é considerado, por muitos, como a banda mais importante do movimento grunge, o Pearl Jam leva o título de mais longeva. O que não deixa de ser irônico: a banda nasceu das cinzas do Mother Love Bone, cujo vocalista Andrew Wood morreu em 1990. O guitarrista Stone Gossard e o baixista Jeff Ament decidiram seguir em frente e, ao apostar em um jovem cantor de San Diego chamado Eddie Vedder, formaram a espinha dorsal do que se tornaria um dos maiores fenômenos do rock da década de 90. Influenciado por uma Seattle musicalmente efervescente, mas mentalmente perturbadora por causa das drogas e da situação econômica, o grupo estreou oficialmente em 1991 com Ten, álbum com estrutura rítmica de hard rock e letras melancólicas sobre suicídio (“Jeremy”) e traumas infantis (“Alive”). Lançado quase simultaneamente ao Nevermind, do Nirvana, o trabalho não apenas virou um sucesso comercial, mas também se consolidou como um dos pilares do movimento que colocou Seattle no mapa da música. A ascensão do Pearl Jam continuou em velocidade vertiginosa com o brutal Vs., de 1993, que ficou cinco semanas no topo da lista dos mais vendidos, batendo recordes de vendas. O sucesso do segundo álbum, porém, também marcou o começo de uma relação mais distante da banda com a mídia. Cansado da exposição e de uma rivalidade forçada com Kurt Cobain, Vedder liderou um afastamento do processo de comercialização da imagem do grupo: os integrantes passaram a dar poucas entrevistas e deixaram de protagonizar seus vídeos. A busca por uma identidade própria influenciou a música, como nos experimentais Vitalogy (1994) e, principalmente, No Code (1996), influenciado pela relação do grupo com o ídolo Neil Young. Apesar de tudo isso e de uma batalha contra o monopólio da Ticketmaster, o grupo passou os anos 2000 lançando álbuns que mesclavam hard rock com pitadas de punk e baladas, e lotando estádios com milhares de fãs ao redor do mundo. Ao longo da década de 2010, Vedder tornou-se uma presença ainda mais forte que o Pearl Jam, gravando trilhas sonoras, lançando trabalhos solo e promovendo causas ecológicas. Todo esse poder foi usado em benefício de Gigaton, álbum de 2020 que traz o vocalista alertando para o aquecimento global, ao mesmo tempo em que a banda amplia os horizontes musicais, mais uma vez, com new wave (“Dance of the Clairvoyants”) e folk psicodélico (“Buckle Up”). E, acima de tudo, mostrando uma energia que parece longe de ter fim.