Os garotos Jorge Alves Barcelos e Mateus Pedro Liduário de Oliveira não se conheciam, mas já demonstravam aptidão para a música quando ainda frequentavam o colégio em Itumbiara, cidade goiana na divisa com Minas Gerais onde nasceram. Só em 2005, quando foram apresentados por um amigo em comum, que o estudante de direito Jorge conheceu o estudante de agronomia Mateus. Os dois formaram então, uma das duplas que ajudaram a consolidar o sertanejo universitário, subgênero surgido no começo do século 21 que modernizou – e agitou – a música caipira tradicional. Os goianos passaram a desbravar palcos que antes pareciam impossíveis para artistas do gênero: em 2008 eles foram a primeira dupla sertaneja a comandar um trio elétrico no carnaval de Salvador. Quatro anos depois, os cantores atravessaram o Atlântico para deixar registrado o espetáculo histórico no tradicional Royal Albert Hall, em Londres. Na década de 2010, o sertanejo universitário passou a ser a principal vertente do gênero e, mais do que isso, tornou-se a verdadeira música pop no Brasil, com shows e festivais grandiosos e superproduzidos. Músicas que falam diretamente aos jovens, como “Tijolão”, por exemplo, que trata do amor nos tempos do smartphone, são consumidas por milhões de fãs do norte ao sul do país. E Jorge & Mateus – com Os Anjos Cantam (2015) e Como. Sempre Feito. Nunca (2016), só para citar dois álbuns fundamentais – são o motor central desse movimento que veio do interior, conquistou o litoral e se misturou com outros gêneros.