O terceiro álbum de estúdio de Jão, PIRATA, foi anunciado aos fãs por meio de uma publicação nas redes sociais do artista. “Há um tempo, terminei um relacionamento que me construiu de muitas maneiras”, contou aos seguidores. “Parecia horrível – e foi –, mas continuei acordando todos os dias seguintes.” Em entrevista ao Apple Music, Jão explicou que falar sobre relacionamentos se tornou algo natural para ele. “Esse tipo de coisa vai acontecer comigo ainda um milhão de vezes. E, por mais que eu saiba que tem quem ache brega e que eu romantizo a tristeza, essa é só uma forma de expressar o que eu estou sentindo. Para mim, é uma coisa muito natural, é o que as pessoas que me ouvem, esperam de mim.” Para Jão, mesmo se tratando da vida do cantor depois do término de um namoro, o projeto não tem a pretensão de ser um “álbum sobre superação”. “Se fosse o caso, as pessoas esperariam músicas mais solares, felizes. E, apesar de ser meu trabalho mais extrovertido e otimista, ele não é um álbum sobre problemas e uma conclusão. Ele não conclui, não tem uma ideia de ‘comecei mal’ e, ao final do álbum, ‘estou bem’. Não é isso. É sobre recomeçar e se acertar.” O anúncio em forma de desabafo introduziu o novo projeto do cantor que, segundo o próprio, conta com “músicas muito eufóricas e barulhentas” e começou a ser escrito em fevereiro de 2020. São 11 faixas no total, como “Coringa”, single lançado em fevereiro de 2021. No entanto nenhuma delas é intitulada ‘PIRATA’, assim como o trabalho inédito, algo que é facilmente explicado pelo artista. “A primeira frase do álbum é ‘Eu sou pirata, hoje eu preciso ir’, então eu acho que é sobre essa pessoa que eu quero ser. É o arquétipo de quem se entrega, de quem é livre, destemido e seguro – todas essas coisas que eu ainda não sinto, mas para as quais estou trilhando esse caminho há anos.” Assim como aconteceu em Lobos e Anti-Herói, seus álbuns anteriores, PIRATA também conta com a produção de Jão, mesmo que acompanhado na maior parte das faixas. “Comecei a escrever músicas ao mesmo tempo em que comecei a produzir, porque eu queria fazer as minhas próprias canções e morava em uma cidade muito pequena, não conhecia ninguém, não tinha uma referência de um produtor ou alguém que eu pudesse alcançar nesse sentido. Então, quando comecei a produzir profissionalmente os meus álbuns, já era uma coisa natural para mim, mas eu sempre tive um pouco de receio de produzir sozinho, por isso sempre coproduzi, até por uma questão de humildade de saber que eu não sei.” A seguir, o artista conta detalhes e comenta cada uma das 11 faixas de PIRATA. Clarão “’Clarão’ acho que é a minha faixa mais coletiva, apesar de ser uma experiência muito íntima. E eu penso muito nos meus amigos quando eu a ouço, e eu penso muito em uma festa e em um momento em que vai estar todo mundo muito livre e otimista com o que pode acontecer.” Não Te Amo “É uma experiência muito relatável e é um momento de quase delírio, porque a música é quase isso. São frases de uma pessoa que está no seu processo de seguir em frente, mas que ainda não chegou lá. E é um processo de negação, então acho que ela estar no começo do álbum é muito oportuno.” Idiota “É uma das minhas faixas preferidas do álbum, é uma das que eu mais escuto. E a gente quis transformá-la numa balada meio anos 90, meio anos 80, com coisas dos anos 60, com surf rock. Ela definiu muito uma outra parte do álbum, porque, a partir dela, a gente descobriu que ele tinha estas duas caras: uma mais eletrônica e dance, e essa outra cara mais nostálgica e rock, que tem em muitas faixas. Então ela foi uma faixa muito importante e é uma das que eu mais gosto.” Santo “‘Santo’ foi uma das primeiras músicas que existiram para esse álbum, e é muito legal, porque ela fala bastante do momento em que foi escrita. Então foi uma época que eu estava ‘foda-se qualquer coisa e qualquer pessoa’, e ela transmite muito isso. Acho que é a faixa mais solar do álbum, e vai ser incrível tocá-la no show.” Acontece “Essa é quando as coisas começam a dar um pouco errado nesse álbum, começam a ficar um pouco mais pesadas. E eu acho que posso falar sem modéstia: é uma das faixas mais bem escritas e uma das melhores que a gente já conseguiu fazer, porque ela não é complicada, ela não é pouco acessível, mas ela narra as coisas de uma maneira que eu acho muito bonita. E acho que é uma das mais tristes, apesar de ter uma transição que fica mais rock, mais ‘pra cima’ no meio da faixa. Ela ainda tem um peso de indiferença, que eu acho um sentimento muito pior do que ódio ou algo do tipo.” Você Me Perdeu “Eu acho que é a faixa mais clássica, a que as pessoas esperariam de mim. Ela tem um pouco de sertanejo, um pouco de pop, essas duas vertentes que são coisas que eu trabalhei muito na minha carreira e que as pessoas me identificam por isso. E é a faixa mais quieta do álbum, acho que ela está tipo na metade, justamente porque é um respiro para recomeçar, e tem uma transição para os temas que são mais pesados.” Meninos e Meninas “Eu amo essa faixa, acho que é a que eu mais ouço de todas. Ela é muito triste, não sei se porque fui eu que escrevi e porque é um relato de uma experiência da minha faculdade, o que é muito nostálgico para mim. É a faixa que mais me emociona, estranhamente, porque ela é superfeliz, meio Los Hermanos, não sei muito bem como descrevê-la, mas é uma faixa que me deixa mais nostálgico, e isso me deixa triste.” Coringa “’Coringa’ eu acho que é meio como uma irmã de ‘Santo’, porque elas são da mesma época e elas dizem a mesma coisa em situações diferentes, essa liberdade meio forçada assim, ‘eu quero ser e foda-se todo mundo’.” Doce “Eu queria muito falar sobre sexo nesse álbum, mas de uma maneira que fosse não forçada para mim, que fosse uma maneira natural, e eu acho que ‘Doce’ saiu nesse sentido, além de ter uma catarse durante a música.” Tempos de Glória “Essa era uma composição antiga, que eu fui escrevendo ao longo de muito tempo. Eu comecei a escrever em 2019, e é muito um olhar coletivo, são os pensamentos da minha geração e que eu queria poder resolver com as minhas próprias mãos. Enfim, ela é uma faixa que me deixava um pouco angustiado quando eu estava escrevendo porque, para mim, é muito angustiante não poder resolver as coisas com as próprias mãos. Mas, às vezes, o que eu posso fazer é observar e relatar.” Olhos Vermelhos “‘Olhos Vermelhos’ uma viagem de 5 minutos e 4 segundos que me deu muito trabalho. Foi a minha primeira produção solo, e por isso ela tem um lugar muito especial para mim. Acho que ela recapitula e encerra o álbum muito bem. No momento em que a gente ouviu a primeira demo dela, já sabíamos que ela seria a finalização da narrativa do álbum, e acho que em qualquer outro lugar ela soaria totalmente fora. E é uma jornada, acho que ela é o álbum, tanto que tem muitas partes em que você acha que ela vai acabar e aí volta, te traz mais um elemento. Ela é o álbum resumido.”
Videoclipes
- Apple Music
- Gloria Groove
- Pabllo Vittar
- Marina Sena
- Thiago Pantaleão