PERPÉTUO

PERPÉTUO

O trio mineiro Black Pantera comemora dez anos de carreira com PERPÉTUO, que explora novas sonoridades com referências afro-latinas aliadas a um crossover de rock, punk, hardcore, funk e metal. “Este álbum representa uma nova fase da banda. O processo criativo foi intenso e natural. [O baterista] Rodrigo Pancho tocou percussão, e contamos com a participação do Luiz Otávio, um dos maiores pianistas do Brasil. É um álbum que carrega o nosso coração e a nossa identidade tribal e afro-latina”, diz o baixista e vocalista Chaene da Gama ao Apple Music. Produzido por Rafael Ramos, este quarto álbum de estúdio (e o segundo pela gravadora Deck) revela um momento mais maduro e estável do grupo. “Com Ascenção (2022), nós crescemos como banda e nos firmamos no mercado. Conseguimos deixar nossos outros trabalhos [paralelos] e realmente viver da música. PERPÉTUO marca esse pacto com a nossa arte. É o nosso melhor álbum até agora”, diz Rodrigo Pancho. A seguir, Chaene da Gama, Rodrigo Pancho e Charles da Gama (voz e guitarra) comentam as músicas de PERPÉTUO, cuja capa, do fotógrafo Marcos Hermes, é inspirada numa foto emblemática do grupo antirracista norte-americano Panteras Negras. PROVÉRBIOS Chaene da Gama: “Após a turnê que fizemos no Chile, sentimos com intensidade a nossa ancestralidade afro-latina. ‘PROVÉRBIOS’, carregada de referências da cultura pop, é a faixa que mais representa isso. Eu cito o Miles Morales, o Homem-Aranha preto, cuja mãe é porto-riquenha. A música propõe um movimento de revolução e união, com groove e drum ‘n’ bass. É uma das primeiras vezes que eu canto em uma música, o que foi desafiador para mim.” PERPÉTUO Chaene G.: “Quando estávamos viajando pelo interior de Pernambuco, ao olhar aquela paisagem, eu tive a impressão de já ter estado ali em outra vida. Contei isso para a minha esposa, umbandista, que disse: ‘O Preto Velho falou que todo mundo já foi preto um dia. Nós estamos sempre voltando’. A música trata de espiritualidade, orgulho e resistência. O nome foi dado pela minha filha Giovanna, por causa dos Perpétuos, personagens de Sandman [série em quadrinhos de Neil Gaiman].” BOOM! Chaene G.: “Charles da Gama trouxe o instrumental e uma ideia de letra inicial, depois eu mexi um pouco. É uma música mais descontraída e explosiva, como o próprio nome sugere. Com certeza vai funcionar muito bem ao vivo.” Rodrigo Pancho: “A faixa mostra a força que a banda tem. Mesmo em situações adversas, a gente sempre consegue fazer a nossa explosão. Somos naturalmente três bombas, independente do tamanho ou das condições do palco.” TRADUÇÃO Chaene G.: “Esta música retrata a vida de muitas mulheres pretas no Brasil – e eu a escrevi para a minha mãe. Essa mulher deixa os filhos em casa e muitas vezes vai cuidar dos filhos dos outros. Eu trago a minha verdade, a história da minha infância. É uma das músicas mais bonitas que eu já fiz. É gigante na sua simplicidade.” Pancho: “A faixa provoca muita identificação. Eu mesmo senti que era a minha vida retratada ali. A minha mãe, por exemplo, mesmo aposentada, ainda é trabalhadora doméstica. É uma música emocionante e que está comovendo as pessoas. Recebemos muitos comentários positivos sobre ela nas redes sociais.” FUDEU Chaene G.: “O instrumental foi composto por nós três, e a letra é do Charles da Gama e do Rafael Ramos. A música trata do cotidiano das pessoas pretas que são frequentemente abordadas pela polícia na frente de casa ou com a família. Ela fala de como ainda estamos sujeitos a essa situação com os representantes da lei. É uma faixa poderosa.” Pancho: “É um diálogo. Retrata algo que já aconteceu com a gente. Fomos interrompidos pela polícia durante um festival e tivemos que parar tudo.” Charles da Gama: “Ela foi composta em menos de 24 horas e tem uns riffs de guitarra meio anos 70.” PROMISSÓRIA Chaene G.: “A música fala sobre as famílias brasileiras que enriqueceram durante o período colonial. É sobre essa dívida que elas têm com o povo preto. A sonoridade ficou bem crua e pesada, bem Black Pantera mesmo.”Pancho: “É como se fosse alguém batendo na porta e cobrando por tudo que foi feito ao longo de tantos anos com o povo preto.” CANDEIA Chaene G.: “Eu compus esta música no violão – são basicamente três notas. Acho que a maneira que eu cantei em cima deu um ar diferente à música. Eu pedi ao Pancho para fazer uma base percussiva para o canto, depois entram a guitarra e uma distorção no refrão. A frase ‘Somos vela que incendeia a casa grande’ é muito forte. Ela faz referências à luta preta em diversos países.” Pancho: “Acho que é um dos arranjos de percussão mais robustos e bonitos que eu já fiz. Ela tem influência do Sepultura, banda que eu ouvi muito. É gigante, a melhor música do álbum.” BLACK BOOK CLUB Chaene G.: “A faixa tem um riff progressivo muito poderoso. O groove lembra o Living Colour, banda de que a gente gosta muito. ‘BLACK BOOK CLUB’ é como se fosse um manual de sobrevivência para as pessoas pretas que vieram do gueto. O resultado ficou totalmente diferente de tudo que a gente já fez, mas com a nossa verdade.” Pancho: “A gente percebeu que o mais importante é a mensagem que a gente quer passar. A música traz as nossas vivências em formato de trava-língua.” Charles G.: “É a faixa mais difícil de tocar e de cantar do álbum. Ela tem um riff viciante, com referências de Jimi Hendrix, Cream e da época áurea do Prince. O final é épico.” SEM ANISTIA Chaene G.: “A música aborda o que aconteceu em Brasília em 8 de janeiro de 2023 [quando golpistas invadiram e depredaram as sedes dos três poderes]. Aquilo foi histórico em um nível degradante, uma ameaça total à democracia. É um recado direto: sem anistia e cadeia para eles.” Pancho: “A música tem uma mensagem urgente.” Charles G.: “O Black Pantera sempre se posicionou politicamente. Nunca ficamos em cima do muro. O vocal é totalmente referenciado no João Gordo. É também uma homenagem ao Ratos de Porão.” MAHORAGA Chaene G.: “Eu sou viciado em animes e mangás. Mahoraga é uma entidade invencível que se adapta a qualquer tipo de situação. A gente adaptou essa narrativa para a realidade do povo preto. Trata-se de se deparar com as adversidades e seguir em frente. A nossa banda é assim. O hype não paga as nossas contas, o que nos sustenta é o trabalho, pé no chão e humildade.” Pancho: “A faixa fala sobre ego. Nós tocamos em diversos festivais grandes, mas seguimos fazendo shows pequenos também. Somos só mais uns caras trabalhando com os seguranças, produtores e o pessoal da limpeza." Charles G.: “A música tem uma pulsação épica, e o instrumental é maravilhoso. Tocá-la ao vivo vai ser muito interessante.” METE MARCHA Chaene G.: “Esta música é meio maracatu, com um groove de baixo e uma introdução mais percussiva. Ela também tem um DNA punk e fala sobre o orgulho de sermos homens pretos. No final, o Charles da Gama recita o poema ‘Ainda Assim Eu Me Levanto’, da [ativista e escritora norte-americana] Maya Angelou. ”Pancho: “A faixa é uma fusão de vários ritmos. Acho que as pessoas vão gostar e dançar.” Charles G.: “A letra é simples e direta. Há muitas fases sonoras dentro da faixa. Ficamos felizes com o resultado.” A HORDA Charles G.: “A letra foi composta por mim e fala sobre andar com pessoas que realmente fazem a diferença. Tem a ver com a união e a força do coletivo. O riff é pesado, um thrash metal com referências dos anos 80. Ao vivo vai ser o caos.” Pancho: É a música deste álbum com a qual os metaleiros mais vão se identificar. É um thrash para bater cabeça e se juntar aos amigos. Resgata algo mais visceral do nosso primeiro álbum.” Chaene G.: “O álbum é cheio de nuances, e ‘A HORDA’ fecha o ciclo de maneira brutal.”

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