Os maiores singles de Discovery – “One More Time”, “Harder Better Faster Stronger” e “Digital Love” – eram tão úteis para DJs de casamento quanto para estudiosos do pop. E o restante – as guitarras de “Aerodynamic”, os devaneios sci-fi de “Veridis Quo” e o UK garage assinado pelo produtor Todd Edwards em “Face to Face” – visitou dezenas de recantos estilísticos sem perder a mão da narrativa do álbum, lançado em 2001. A “música eletrônica” – um termo que sempre sugeriu um futuro, embora de maneira vaga – se mostrou tão familiar e confortável quanto um rock clássico, mas não menos real em sua profundidade. É fácil conectar Discovery à EDM e ao entrelaçamento contínuo entre o rock e o techno. Mas também é possível rastreá-lo de volta até Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band ou Pet Sounds e Smile: música que levava o pop a sério como forma de arte, mas também recontextualizava estilos mais antigos e aparentemente caretas de uma maneira progressista e inovadora. Acima de tudo, o Daft Punk queria ser universal. E, por menos plausível que essa ambição pudesse parecer para dois franceses com capacetes de robô, Discovery conseguiu esse feito.