Ao Vivo em Lisboa

Ao Vivo em Lisboa

Em março de 2019, Silva fez seis shows no Cineteatro Capitólio de Lisboa. Foram três dias, com duas sessões em cada, em que o cantor e compositor capixaba fez um apanhado de canções próprias e clássicos do cancioneiro nacional, em um formato inédito na carreira: apenas voz e violão, e a companhia do percussionista Hugo Coutinho. As apresentações intimistas deram origem ao álbum “Ao Vivo em Lisboa”, que traz 16 faixas e só ganhou vida por muita insistência do irmão e parceiro musical do artista, Lucas Silva, e por causa do isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus. “Esse álbum só aconteceu porque a gente começou a gravar todos os shows quando, no final de 2018, investimos em equipamento de gravação para levar em turnê. O que é muito difícil de controlar, porque é muito material. É uma coisa com a qual você tem que ter um certo cuidado, para não virar lixo digital”, conta Silva, que selecionou a melhor execução de cada uma das faixas apresentadas nos seis shows para os fãs portugueses. “Meu irmão estava querendo lançar este material desde que ele o ouviu e a gravação estava boa (risos). Já eu, sou sempre do contra, falo: ‘Não sei se a performance está tão boa, acho que tinha que ter me preparado mais. Mas todo mundo que ouviu falou que estava lindo. Também não quis ir para o estúdio consertar nada. Dá para fazer, mas preferi deixar natural mesmo”, disse ele ao Apple Music. Tudo deu tão certo para que as gravações viessem à tona que até a capa do álbum nasceu “por sorte”, quando o fotógrafo brasileiro Daryan Dornelles, autor da foto da capa, estava em Lisboa e foi visitar Silva no camarim antes de um dos shows. “A gente nem imaginava que aquilo ia virar um disco, só quis tirar um foto boa, e foi a imagem perfeita para a capa, sabe? Fico feliz que o quebra-cabeça fechou”, comemora. Escolha do repertório Gravada em março de 2019, essa turnê por Portugal aconteceu logo após o Carnaval, período em que o cantor fez os shows do “Bloco do Silva”. A proposta de fazer o formato voz e violão partiu de um produtor português, e Silva decidiu montar um repertório especial, com canções do álbum “Brasileiro” (2018), de “Silva Canta Marisa” (2016) e clássicos da MPB de gente como Pixinguinha (“Carinhoso”), Martinho da Vila (“Canta Canta Minha Gente") e Caetano Veloso (“Flor do Cerrado” e “Aquele Frevo Axé”). “Escolhi um repertório com as minhas músicas do ‘Brasileiro’, que achava que funcionariam com voz e violão, que ficariam bonitas, e escolhi um repertório muito afetivo meu, o álbum abre com Pixinguinha, ‘Carinhoso’, e termina com ‘Canta Canta Minha Gente’, do Martinho da Vila. Pixinguinha é uma coisa muito do meu avô. Fui um cara criado com meus avós muito próximos de mim, então lembro muito do meu avô cantando daquele jeito ‘meio vibrato’”, explica o cantor, que ficou ansioso para tocar em um formato tão enxuto. “Um show com voz e violão não tem nenhuma banda ali para te apoiar, para segurar a onda: ‘Ah, esqueci um acorde, mas tem a guitarra que faz então tá tudo certo’. Nos últimos shows lembro que já estava com a mão doendo. Porque era meio que você fazer três horas de show por dia, só que só voz e violão.” “Ao Vivo em Lisboa” traz uma nova versão de “Júpiter”, faixa-título do álbum lançado por Silva em 2015, escolhida também para ser o primeiro single deste novo trabalho. Foi uma maneira que o cantor encontrou para mostrar seu repertório mais antigo para um público que só o conheceu após o lançamento de “Silva Canta Marisa” e que traz uma mensagem poderosa. “Quando a gente fez essa música, eu e meu irmão, ela falava dessa questão: ‘Júpiter pode ser começar de novo. Se por lá não houver esse mesmo povo. Que só quer controlar o que a gente quer. E o que a gente só quer (é amar)’. Tem muito a ver com o que estamos vivendo hoje, mas agora a gente tem muito mais fatos e argumentos que fazem com que essa letra tenha mais força ainda”, revela. Carinho dos portugueses Portugal é um país que sempre abraçou Silva e sua obra. O primeiro show por lá foi em 2013 e de lá pra cá ele já voltou muitas outras vezes, para tocar em festivais como o Rock in Rio Lisboa ou em turnês próprias. “Tenho uma história muito legal com Lisboa, músicas que entraram em novelas duas vezes, essa com a Anitta que foi um estouro. ‘Fica Tudo Bem’ tocava direto na rádio lá. Como tenho essa coisa MPB, os portugueses sempre consumiram muito”, comemora Silva. Lançar o “Ao Vivo em Lisboa” também foi uma forma de retribuir esse carinho dos portugueses que, na época dos shows no Cineteatro Capitólio, fizeram Silva se sentir acolhido. “Este governo tinha acabado de assumir, tinha uma crítica no ar, sabe? Lembro que as pessoas de lá me perguntavam disso, eles acompanharam a doideira que foram as eleições aqui. Então teve esse sentimento dos portugueses para com a gente, não sei se uma compaixão, mas essa coisa de estar junto ali”, relembra o cantor. “Esses shows em Lisboa foram muito especiais. Lembro que o clima era muito bonito, uma energia muito boa.”

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