143

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Quando foi catapultada para a fama no final dos anos 2000, Katy Perry era a típica garota da vizinhança que se soltou: passou a dançar sobre mesas, beijar pessoas estranhas com lábios sabor de cereja e disparar chantilly do seu corpete brilhante. Seus hits representavam o escapismo puro – alegres e descontraídos, com produção dos maiores hitmakers da época (Max Martin, Stargate, Dr. Luke). Dezesseis anos depois do seu sucesso com “I Kissed a Girl”, a estética e a sonoridade com a qual Katy surgiu voltaram à moda como uma tendência nostálgica. Mesmo que 143 (2024), o sexto álbum (sem contar o trabalho com música cristã lançado como Katy Hudson), tenha sido batizado tanto pelo número angelical da artista quanto pela forma como as pessoas digitavam “Eu te amo” na época dos extintos pagers, a cantora de 39 anos está focada no presente. “Quando eu estava na era do One of the Boys , eu vivia em uma sensação assim: ‘Meu Deus, segurem-se para essa montanha-russa!’”, conta Katy Perry para Zane Lowe, do Apple Music, ao analisar a trajetória da própria carreira em relação à sua vida emocional. Ela descreveu Teenage Dream (2010) e PRISM (2013) como períodos de grandes conquistas profissionais e turbulências pessoais. Com Witness, de 2017, o mundo dela começou a se equilibrar; a estabilidade se consolidou com Smile, em 2020. “Agora, 143 é a celebração dessa plenitude, algo sobre o qual eu nunca escrevi antes”, continua. “Sempre compus me defendendo – ou por achar que eu não era suficiente ou tentando transformar meu trauma. A maior mentira que acho que venderam para artistas é que precisam da dor para criar. Isso não é verdade.” Quatro anos após o último álbum, 143 chega como um trabalho totalmente dançante: usa o clássico “Gypsy Woman” (1991), de Crystal Waters, na colaboração com Doechii em “I’M HIS, HE’S MINE”, e mergulha ainda mais fundo no piano house em “LIFETIMES”. Se músicas como “WOMAN’S WORLD” são exemplos de exagero teatral ou resquícios de uma era passada, depende do gosto de cada um. “Eu só queria explorar novos terrenos; não queria continuar me repetindo”, diz Katy sobre sua virada para a pista de dança. “A energia que quero criar é a liberdade de ser quem você quiser – liberdade para suar e até para dançar com uma pessoa estranha.”

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