Mais do que um verso solto numa música, "born to be wild" é uma declaração de independência e rebeldia que sintetiza todo um estilo de vida. Esse anseio por liberdade faz parte da alma do rock desde que o gênero surgiu nos Estados Unidos a partir de elementos do rhythm and blues e da tradicional música country americana. Mesmo tendo incorporado novos elementos ao longo de sua história, o rock não perdeu seu espírito original; pelo contrário, esse espírito passou a fazer parte de tudo o que tinha a ver com rock e se espalhou pelo mundo todo, definindo os rumos de vários outros gêneros. Basta lembrar das primeiras safras de hits inesquecíveis, tocados e cantados por Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richard e vários outros, ou das performances elétricas e hipnotizantes de Mick Jagger à frente dos Rolling Stones e até mesmo da ousadia estética dos Beatles, que ampliaram enormemente os horizontes da música pop. A energia adolescente do rock chegou à Espanha bem rápido. Já nos anos 50, o rock inundou as rádios de Madri, Barcelona, Valência e Zaragoza, mas o período de ouro veio mesmo nos anos 60, com Miguel Ríos e bandas como Los Pekenikes, Los Sonor’s, Micky y los Tonys e Los Relámpagos. Outros nomes surgiram ao longo dessa década e da que se seguiu, como a banda Los Mitos, que fazia um rock bem focado na estética daquele momento. Nos anos 80, o ambiente cultural mais arejado e renovado da Espanha foi perfeito para o surgimento de bandas como El Último de la Fila e Héroes del Silencio, que soam familiares para quem está por dentro da new wave, sem deixar de carregar um certo calor latino inconfundível. Com a chegada dos anos 90, o rock espanhol seguiu os caminhos do hard rock com Medina Azhara, e do rock alternativo (sob forte influência do grunge e do punk) com Extremoduro e outras bandas como Los Suaves. O rock espanhol é um riquíssimo registro paralelo das evoluções do rock no mundo todo, um território que vale a pena explorar.