Frango e batatas fritas mudaram o rumo da música pop para sempre. Não é brincadeira: tocando teclado no grupo Bluesology, Reginald Dwight cansou de subir ao palco para ver as pessoas concentradas na comida e pouco se lixando para o som que ecoava no recinto esfumaçado. Foi quando o músico de 20 anos decidiu procurar uma gravadora para tentar a sorte como compositor e terminou conhecendo seu grande parceiro musical, Bernie Taupin. Poucos anos depois, o prodígio inglês já era responsável por 2% de todas as vendas de álbuns no planeta. Seus shows disputados eram espetáculos extravagantes que faziam Liberace parecer discreto. Reginald Dwight, nascido em 1947 em Pinner, subúrbio de Londres, não existia mais. Em seu lugar surgiu a força da natureza conhecida até hoje como Elton John. Os excessos durante o auge da fama, na década de 70, esconderam um homem enfrentando problemas de identidade e de autoafirmação gerados por uma criação rígida: apesar de John ter ganhado uma bolsa para estudar piano na prestigiada Academia Real de Música, aos 11 anos, seu pai não aceitou bem quando o filho, inspirado por Jerry Lee Lewis e Little Richard, decidiu seguir a carreira profissional de músico. O resultado foi uma década de extremos para Elton John. Enquanto lançava em sequência Don’t Shoot Me I’m Only The Piano Player e Goodbye Yellow Brick Road, dois álbuns essenciais de 1973, Elton John começava a lutar contra o vício. Nos anos 80, ele emergiu mais forte e se redefiniu como ativista, ícone gay, filantropo, Cavaleiro da Rainha e pai. Cinquenta anos depois, suas músicas ainda continuam tão atuais e contagiantes quanto na época do lançamento. Com uma autobiografia e um filme sobre sua vida lançados em 2019, Elton John mostrou que continua único e poderoso. E, é claro, repleto de hits, muitos deles tocados numa longa turnê de despedida que começou em 2018 e está prevista para acabar em 2023. Ou não.