Ungodly Hour

Ungodly Hour

As harmonias que Chloe e Halle Bailey evocam são divinas. Não à toa, elas conquistaram milhões de views no YouTube, chamaram a atenção de ninguém menos que Beyoncé, e continuam fazendo da dupla uma força da natureza, como podemos comprovar no segundo álbum, Ungodly Hour. Neste trabalho, as irmãs exploram uma infinidade de sons e texturas – muitos deles de autoria própria –, ao mesmo tempo mantendo suas vozes centradas e marcantes como sempre. Enquanto o álbum de estreia, The Kids Are Alright, de 2018, apresentou Chloe e Halle de uma forma quase angelical, ligando as irmãs às suas origens como estrelas infantis, o novo projeto fala de amadurecimento – tanto na música quanto em outras esferas. "Eu sinto que é como se tivéssemos mais confiança em nós mesmas, mais segurança na nossa mensagem e no que queremos transmitir, dizendo que tudo bem ter defeitos e inseguranças, e mostrando todas as camadas do que nos torna belas", diz Halle ao Apple Music. Agora, elas se apoderam da própria sexualidade e, junto com ela, das turbulências que vêm com a passagem para a vida adulta e a busca para compreender seu lugar no mundo. Nesse sentido, Ungodly Hour é um álbum inspirador, mas que não foge dos sentimentos mais sombrios que surgem pelo caminho. "Muita gente nos vê como anjinhos perfeitos, e nós queremos mostrar as nossas várias e diversas camadas", conta Chloe. "Não somos perfeitas. Estamos crescendo, nos tornando mulheres adultas, e a gente quis mostrar tudo isso." A seguir, as irmãs comentam faixa a faixa do novo álbum. Intro Halle: "Fizemos essa introdução depois que finalizamos 'Forgive me'. Pensamos em como queríamos abrir este álbum, porque nossa musicalidade e nossa integridade musical são sempre superimportantes para nós, e jamais queremos perder a essência de quem somos ao tentar fazer canções mais mainstream. Nessa introdução, sinto que somos totalmente nós mesmas, apenas envolvendo todo mundo em nossas harmonias, do jeito que a gente gosta, e nos divertindo no processo. Este foi o nosso jeito de abrir o álbum com algo que deixasse as pessoas de orelha em pé, e que também permitiu que a gente se divertisse muito criativamente." Chloe: "E o motivo pelo qual a gente quis dizer a frase 'Não peça permissão, peça perdão' é porque essa foi uma afirmação que embalou e definiu o álbum inteiro. Nós nunca deveríamos ter que pedir desculpas por sermos nós mesmas. Você nunca deve se desculpar por ser quem você é, nem por nenhuma de suas imperfeições. E você não precisa da permissão do mundo para ser você mesmo." Forgive Me Chloe: "Amo essa música porque ela é muito poderosa, e te ajuda a recuperar sua força e a não sentir que sua autoestima está no lixo. Lembro que a gente estava no estúdio com o [compositor] Nija [Charles] e o [produtor] Sounwave, e eu estava passando por uma situação difícil, lidando com um cara que escolheu outra pessoa em vez de ficar comigo. E aquilo me incomodou muito porque fiquei com a sensação de que a coisa toda não foi feita da maneira mais honesta possível. Prefiro quando as pessoas falam as coisas na minha cara. E, então, quando estávamos lá no estúdio, isso tinha acabado de acontecer comigo. Entrei na cabine e comecei a criar algumas melodias, as palavras foram surgindo, e então a Halle entrou e cantou 'Me perdoe'. Achei aquilo tão forte e poderoso. Nija então começou a fazer umas melodias. Nós meio que montamos essa música como um quebra-cabeças. Foi tão bom – senti que a gente estava recuperando nosso poder, algo como: 'Me perdoe por não me importar e não dar a você essa energia para me controlar e me deixar triste'." Baby Girl Halle: “‘Baby Girl’ é uma música de empoderamento feminino, mas que, quando a gente estava compondo, pessoalmente, para mim, era uma mensagem da qual eu precisava me lembrar. Nós escrevemos essa em Malibu. A gente decidiu que, no dia depois do Natal, iríamos alugar um Airbnb e ir para lá sozinhas, sem nossos pais, apenas com o nosso equipamento e ficar na praia, só criando. E lembro que, naqueles dias, eu estava um pouco triste e precisava de um estímulo. Então comecei a escrever essa letra sobre como eu estava me sentindo, como todo mundo faz isso parecer tão simples e como tudo o que você vê parece real – mas será que é mesmo? Então essa foi definitivamente uma música encorajadora e empoderadora e a gente queria que outras meninas se identificassem com ela e a ouvissem quando precisassem dessa mensagem – quando você se sente insegura ou acha que não está dando conta, e você apenas se conforma e pensa: 'Ok, fazer o quê?'. Não, de jeito nenhum, sai dessa. Você é incrível.” Do It Chloe: "A gente ama a energia dessa música. Ela é tão leve, divertida e simples, mas, ao mesmo tempo, tão complexa. Nós trabalhamos nela com a Victoria Monét e o Scott Storch, e, durante o processo, estávamos nos sentindo tão bem, com a vibe lá em cima. Sempre que estamos criando uma música nova, nunca é com a intenção de fazer um grande hit, porque, quando você entra nessa onda, acaba sufocando sua criatividade, e aí não vai a lugar nenhum. Então, a gente estava só se divertindo, improvisando e vendo o que rolava. Umas duas semanas depois que fizemos 'Do It', fomos escutá-la, e bateu uma sensação meio: 'Uau, a gente estava mesmo nessa vibe. Uma onda muito, muito boa'. Então decidimos que ela seria uma música que também viraria um vídeo, e a coisa toda acabou ganhando vida própria. Sempre fico muito feliz quando nossa música é bem recebida. E ver as pessoas dançando, imitando a dança que fizemos no clipe, também deixa a gente muito feliz. Essa música realmente tem superado todas as nossas expectativas." Tipsy Halle: “‘Tipsy' foi uma música muito divertida de fazer. Minha irmã linda fez essa produção incrível que elevou a faixa para outro nível. Lembro quando a gente começou a trabalhar nessa música, eu estava tocando uns acordes meio country que tinham um ritmo legal, então começamos a escrever em cima disso. A gente estava pensando em como, quando nos apaixonamos e abrimos nosso coração, como a outra pessoa tem o poder de parti-lo. Eles têm esse poder e você está aberta e com a esperança de que nada dê errado. Então, essa música é como um aviso para eles: se você partir meu coração, se você não fizer o que deveria fazer, sim, eu vou atrás de você, e, sim, isso vai acontecer. Claro que é um exagero – nós nunca realmente mataríamos alguém por causa disso. Mas a gente só queria expressar o quanto é importante cuidar dos nossos próprios corações e que, quando damos um pedaço de nós mesmas para alguém, queremos um pedaço desse alguém também. É uma música divertida, achamos que muita gente vai se divertir com ela.” Ungodly Hour Chloe: “Acho que era Natal de 2018, e a gente já sabia que queria começar a trabalhar neste álbum. Nós somos muito visuais, então pegamos um monte de revistas, juntamos três cartazes, colamos um no outro com fita adesiva e criamos nosso mood board. Havia uma frase que achamos em uma revista que dizia: 'o problema com os anjos', que pegou a gente. Nós colamos essa frase no nosso quadro junto com fotos de várias mulheres com pouca roupa, porque a gente queria que esse álbum expressasse nossa sensualidade. Eu estou com 22 anos e a Halle com 20. Nós queríamos mostrar que a gente pode se apoderar da nossa sexualidade de uma forma bonita e, como jovens mulheres que somos, tudo bem sermos donas da nossa sexualidade. Então, alguns meses depois, lá estávamos gravando com o [duo britânico] Disclosure. Sempre que eu ou minha irmã estamos escrevendo uma letra, nos inspiramos em algum evento aleatório no dia ou ouvimos uma frase ou algo do tipo. Não lembro o que eu estava fazendo ou assistindo, mas ouvi a frase 'ungodly hour' e corri para anotar no meu caderno. Então, quando estávamos todos na gravação, botando nossas cabeças para trabalhar juntas, pensando: 'O que poderíamos dizer com isso?'. E, então, surgiu a frase: 'Love me at the ungodly hour'. Ou seja, me ame no meu pior momento, saiba me amar quando eu não for a minha melhor versão. E a música meio que se escreveu sozinha, bem rápido. É sobre estar em uma situação com alguém que não está pronto para se comprometer com você, mas a conexão está lá, a química está lá, rola uma eletricidade. Mas, por ser mulher, você sabe qual é o seu valor e você sabe o que irá aceitar, ou não. Então, se você me quer inteira, você tem que fazer a coisa certa. E eu adoro como a batida é simples e solta, e como os vocais se destacam em cima dela. É uma onda muito boa.” Busy Boy Halle: “‘Busy Boy’ é outra música de amor divertida. A inspiração para ela veio basicamente das nossas experiências, trocando ideia com nossas amigas, naqueles momentos em que estamos todas juntas fofocando e falando sobre o que está rolando nas nossas vidas. E, então, alguém menciona um cara, e todas nós o conhecemos porque ele é um gato, e ele já deu em cima de todas nós. Foi uma história muito divertida de contar, porque a gente vive momentos como esse – porque nós temos várias amigas negras lindas – e estamos lá, vivendo nossas vidas e esse mesmo cara, que faz muito sucesso ou é bonitinho, vai chegar junto e tentar alguma coisa com cada uma de nós. Então a gente acha muito engraçado falar disso, e gostamos muito de falar também dos laços da nossa irmandade, de apenas poder dizer todas essas coisas sobre esse cara para nos sentirmos melhor. Porque, no fim das contas, precisamos nos lembrar que mesmo que você seja bonitinho, mesmo que você esteja tentando chamar minha atenção, eu sei que você é só um 'garoto ocupado', e eu vou seguir em frente." Overwhelmed Chloe: “Eu e a Halle queríamos muito que este álbum tivesse interlúdios, e a gente vasculhou todos os projetos e arquivos que estavam no meu HD, ouvindo tudo nas caixas de som no nosso estúdio. Então essa música tocou e a gente ficou meio que 'uau!'. A gente se identificou muito com a letra, esquecemos completamente que tínhamos escrito isso. Então, a gente reabriu o projeto e criou várias harmonias novas para ele. A gente queria que soasse como um respiro no meio do álbum, porque tantas vezes a gente pensa que não vai dar conta e, às vezes, temos medo de admitir isso porque você não quer parecer fraca ou que não é capaz de fazer algo, mas somos todos humanos. Houve tantas vezes em que eu e a Halle nos sentíamos assim, daí tocava essa música, e passava a me sentir bem melhor. Não tem problema nenhum em apenas ficar numa boa e não se sentir pressionada para saber o que vai acontecer, e meio que só aceitar. E, quando você aceita isso, consegue seguir em frente e se planejar para o futuro. Mas todos nós temos esses momentos, e a gente só precisa admitir que estamos passando por ele, e vivê-lo plenamente.” Lonely Halle: “Essa música é muito, muito importante nós. A gente fez 'Lonely' com o Scott Storch, e ela acabou meio que se escrevendo sozinha. Acho que uma amiga nossa estava passando por uma fase difícil na vida dela, e, às vezes, a gente se inspira em várias situações que acontecem à nossa volta. Nós também estávamos nos sentindo presas de certa forma, e quisemos escrever algo que pudesse levantar os ânimos de qualquer um que estivesse se sentindo assim também, ou que estivesse apenas se sentindo sozinho, para que entendesse que não é um problema estar sozinho. E, quando você está só, segura de si e do quanto você é bonita, entende que não há problema em estar sozinha. A gente meio que escreveu a história dessa forma, pensando em nós mesmas sozinhas em nosso apartamento e o que fazemos e pensamos quando estamos nos nossos quartos, e o que eles pensam quando vão para casa. Quer dizer, o que as pessoas pensam sobre tudo isso? Quando as pessoas estão esperando ao lado do telefone, esperando a chamada de alguém, e a chamada nunca vem – você não pode deixar isso te desanimar. No fim das contas, você é uma alma linda, por dentro e por fora, e, desde que você esteja bem, amando a si mesma com todo o seu coração, você poderá ser o que quiser e poderá superar qualquer coisa.” Don't Make It Harder on Me Chloe: “Nós escrevemos essa música com o nosso grande amigo Nasri e com o Gitty, que é um produtor incrível. Estávamos todos juntos no estúdio e acho que a Halle quem inspirou essa canção. Ela estava passando por uma situação em que estava envolvida com uma pessoa, mas havia outra pessoa tentando chamar a atenção dela. E nós tentamos contar essa história na letra: você está em um relacionamento maravilhoso, mas tem esse cara dando em cima de você, e você não quer passar por essa tentação; quer ser fiel. E é algo como: 'Olha, você já teve sua chance comigo. Não venha agora que estou comprometida. Não torne isso mais difícil para mim'. Adoro essa música porque ela soa tão old school. A gente queria mesmo que tivesse esse pano de fundo nostálgico. Depois, adicionamos [instrumentos de] cordas de verdade na gravação. Essa música faz eu me sentir tão bem – toda vez que escuto, me sinto leve, livre e feliz.” Wonder What She Thinks of Me Halle: “Eu estava realmente inspirada para criar essa música por causa de uma história que estava acontecendo na minha vida. Os temas dessa faixa e de 'Don't Make It Harder on Me' andam lado a lado. Tinha esse cara incrível e supercarinhoso, e essa música fala sobre essa conexão que você tem com alguém e como essa pessoa aparece na sua vida do nada. E, então, de repente, você se pega querendo essa cara, mas ele está em outra relação e você também, e você não quer dar a impressão de que está tentando roubar o namorado de alguém. Então, nós criamos essa história sobre ser a outra garota – embora, só para você saber, eu e a Chloe nunca estivemos nesse papel. Mas a gente seguiu em frente com essa história, e foi muito divertido e emocionante falar sobre isso, porque acho que nunca experimentamos essa posição, nem ouvimos outra música que falasse a partir da perspectiva da outra mulher – a mulher ou a garota que queria tanto poder estar com o cara e que está sempre lá para ele. Então a gente transformou essa música em algo cheio de drama, e que a gente sente que é superemocionante e aventureiro. As melodias, a letra e a produção linda da minha irmã... ficou tudo realmente incrível.” ROYL Chloe: “Eu amo 'Rest of Your Life' porque ela meio que soa como uma ode ao nosso álbum de estreia, The Kids Are Alright, com esse fundo que é como um hino, e que soa tão jovial e destemido. Com essa música, a gente quis encerrar o álbum dizendo: 'Não importa quais erros você cometeu, apenas viva a sua vida, vá em frente e divirta-se. Você não sabe quando será sua hora de deixar este mundo, então viva de verdade pelo resto da sua vida.' E, mesmo que a gente esteja na nossa pior hora [ungodly hour] agora, e estamos aprendendo com nossos erros e nossas imperfeições, e daí? Isso é o que nos torna quem somos. Viva de verdade."

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