The Ballad Of Darren

The Ballad Of Darren

O primeiro álbum do Blur desde The Magic Whip (2015) foi lançado duas semanas depois de dois esfuziantes shows no estádio de Wembley, em julho de 2023, que marcaram o retorno da banda aos palcos. Mas The Ballad Of Darren não é tão festivo assim. O álbum faz perguntas que calam fundo em quem está na meia-idade: onde a gente está agora? O que sobrou? Quem eu me tornei? O resultado é um álbum marcado por perdas e desilusões. “Eu sou triste”, diz Damon Albarn a Matt Wilkinson, do Apple Music. “Eu sou oficialmente um cara triste de 55 anos. Tudo bem ficar triste. É quase impossível não ficar triste aos 55 anos – pelo menos é até onde eu cheguei, por enquanto. E se você não teve tristeza na vida, você teve uma vida adorável e abençoada.” As músicas começaram a ser criadas por Albarn enquanto ele estava em turnê com o Gorillaz, no final de 2022. No começo de 2023, o material começou a ganhar vida nos estúdios do artista, em Londres e Devon. O guitarrista Graham Coxon, o baixista Alex James e o baterista Dave Rowntree conferiram nuance e criatividade às letras viscerais de Albarn. Em “St. Charles Square”, na qual o cantor está sozinho, lidando com arrependimentos e fantasmas do passado, a guitarra de Coxon leva angústia e tensão. “Isso se tornou a nossa relação de trabalho”, diz Coxon. “Eu tive que extrair da letra (ou da melodia ou das sequências de acordes) o que a música seria. Tentei me concentrar na motivação emocional e traduzir isso na guitarra.” Quando Coxon, James e Rowntree se juntam a Albarn, um a um, na relativamente otimista “The Heights”, nota-se uma banda rejuvenescida. “Foi potencialmente muito assustador fazer mais um álbum nesta fase da carreira”, diz James. “Mas, na verdade, desde o primeiro dia foi algo natural, alegre, leve. No começo da banda, quando nós quatro ficamos juntos no estúdio pela primeira vez, escrevemos uma música que tocamos até hoje [‘She’s So High’]. Rolou imediatamente. E a gente passava horas fazendo isso todos os dias, durante anos. Tipo, 15 anos sem fazer mais nada e a gente continuou nessa, com idas e vindas. Isso é algo incrivelmente precioso que ficou para a gente.” O vínculo entre os integrantes do Blur pode ser saudável, mas The Ballad Of Darren remete fortemente a conexões perdidas. Na balada “Russian Strings”, Albarn está em Belgrado e pergunta: “Onde você está agora?/ Você vai voltar para nós?/ Você está on-line?/ Você pode ser contatado novamente?”. E em “Goodbye Albert”, ele questiona: “Por que você não fala mais comigo?”. A tristeza fica mais evidente em “Barbaric”, em que o choque e a incerteza da separação marcam a bela guitarra de Coxon: “Perdemos o sentimento que achávamos que nunca perderíamos/ É desumano, querida”. Por mais intimistas que pareçam, as reflexões de Albarn suscitam entendimentos diversos. “É por isso que eu gosto de escrever música”, diz ele. “Para que ela possa ser interpretada de maneiras diferentes.” “The Heights” evoca uma espécie de reconexão, talvez em outro tempo, lugar ou dimensão. Albarn canta: “Te vejo nas alturas um dia/ Vou para lá também/ Estarei na primeira fila/ Perto de você” – e coloca o ouvinte em um show, como na primeira faixa, “The Ballad”, que diz “Eu conheci você em um show”. “The Heights” termina com guitarras distorcidas que param abruptamente e a música fica em silêncio. É uma sensação de ser expulso de algo fascinante e intenso. “Acho que essas músicas começam com algo quase inocente”, diz Coxon. “Há uma espécie de obliteração desses personagens que eu comparo a escritores como Paul Auster, que colocam os personagens à prova e depois são meio que descartados. Então existe uma diferença grande entre o show da primeira faixa e a primeira fila da última música – a sensação que esse personagem experimenta é bem diferente. É quase como um espírito, não é mais um jovem inocente. E isso diz algo sobre a jornada do álbum.”

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