Harder Than It Looks

Harder Than It Looks

Desde a estreia em 2002, o Simple Plan gradualmente se distanciou das rodas de bate-cabeça, à medida que se movimentava em direção ao lado pop de sua essência pop-punk – e se tornou o único grupo do [festival] Warped Tour a contar com Nelly e Natasha Bedingfield como colaboradores. No entanto, no sexto álbum, o Simple Plan resgata os tempos de stage diving. Harder Than It Looks foi finalizado pouco antes da pandemia fechar tudo no início de 2020, mas o atraso de dois anos agora enquadra o álbum como a perfeita sequência para o aniversário de 20 anos de No Pads, No Helmets...Just Balls, a estreia que rendeu ao grupo vários álbuns de platina. Ao longo das 10 faixas, a banda reafirma o talento natural para batidas carregadas de guitarras e adrenalina e músicas para cantar junto típicas de festivais, mesmo quando as velhas angústias adolescentes abrem espaço para reflexões mais sóbrias sobre saúde mental, cyberbullying e divórcio. “Para nós, este álbum é como uma volta às raízes”, conta ao Apple Music o líder da banda, Pierre Bouvier. “A gente apareceu no começo dos anos 2000 e tivemos um sucesso estrondoso, e aí você começa a se questionar: ‘Como podemos provar ao mundo que não somos só isso?’. Mas acho que com um pouco de maturidade e olhando para trás, todos nós chegamos à conclusão: ‘Vamos fazer o que o Simple Plan faz de melhor, sem nos preocuparmos em mostrar que podemos fazer outras coisas. Vamos dar às pessoas o que elas querem‘.” A seguir, Bouvier revela, faixa a faixa, como o Simple Plan fez Harder Than It Looks parecer tão fácil de fazer. “Wake Me Up (When This Nightmare's Over)” “Ao conhecer fãs e ler as mensagens das pessoas, percebemos que muitos fãs literalmente recorrem a esta música quando estão em sofrimento. É mais do que apenas entretenimento para eles. Por causa disso, sempre tentamos compor músicas que ajudem as pessoas a atravessar momentos difíceis. E quisemos fazer uma faixa que fosse vaga o bastante para se encaixar em qualquer situação. Então, o ‘pesadelo’ [nightmare] é o que essa dor representa para você.” “Ruin My Life” (feat. Deryck Whibley) “Nós tivemos carreiras paralelas com o Sum 41 por mais de 20 anos. Sou fã deles há muito tempo e acho que Deryck canta uma parte muito boa da nossa música. Todos já passamos por isso: as pessoas podem ficar bem desagradáveis em comentários da internet, e isso é difícil – até mesmo para mim. Mas, aí, a certa altura, penso: ‘Quer saber? Não dou a mínima para essa pessoa. Ela não significa nada para mim. E você pode pensar que o que disse me machucou, mas adivinha: você não acabou com a minha vida.’ Para mim, esta música é sobre isso.” “The Antidote” “Muitas dessas ideias foram trazidas por nosso baterista, o Chuck [Comeau] – ele tinha essa palavra, ‘antídoto’, numa lousinha que ele traz quando a gente faz as sessões de composição. E a palavra me lembrou de quando tive problemas de ansiedade há uns 10, 12 anos, e comecei a ter ataques de pânico bem intensos. Não sabia o que era aquilo e pensava: ‘Será que vou morrer?’. Aí eu ligava para a minha mulher e ela me acalmava – a gente conversava durante 1 hora às quatro da manhã. É isso que esta música representa para mim: uma tábua de salvação que você busca quando está tendo aqueles momentos terríveis de ansiedade ou depressão.” “Million Pictures of You” “Esta é sobre aquela fase da paixão em um relacionamento, em que um não aguenta ficar sem o outro. Você olha para a pessoa e pensa: ‘Quero tirar um monte de fotos suas e passar cada momento livre que eu tiver com você.’ E vocês estão super obcecados um pelo outro, querem documentar tudo. Adoro o riff que a gente pensou para esta música – traz aquela sensação boa de um clássico som alto astral.” “Anxiety” “Esta música foi escrita por mim e pelo Chuck, e também convidamos o Travis Clark, do We the Kings. Nós nos inspiramos nas paradas do twenty one pilots e acabamos chegando numa leitura mais moderna do reggae. A música fala sobre ansiedade. Saúde mental não é mais um tabu, o que eu acho incrível, porque quando você passa por esse tipo de coisa, pode se sentir constrangido. A gente quer tornar essa conversa mais acessível, mais aceita. Porque isso tinha que ser tratado como uma fratura física – quando você quebra o braço, vai a um hospital, coloca gesso, conversa com o médico. Mas quando é a cabeça que está fraturada, as pessoas nem sempre fazem isso, e acho que é importante tratar a saúde mental dessa maneira.” “Congratulations” “Esta música remete um pouco a ‘Ruin My Life’. Pode ser encarada como uma faixa sobre um relacionamento no qual alguém lhe fez mal de alguma forma. É sobre se sentir traído. Não sei se karma é uma coisa real, mas na minha experiência certamente parece ser. Então ‘Congratulations’ é, na real, uma música sobre karma. É tipo: ok, você ganhou essa porque me sacaneou. Bom, parabéns por essa, mas lembre-se: tudo o que sobe tem que descer.” “Iconic” “Quase todos os nossos álbuns têm uma faixa em que rola um: ‘Que diabo essa música está fazendo aí?’. E, para ‘Iconic’, a gente tentou entrar numa mentalidade de escrever uma música para quando um time entra em campo. Pense naqueles lances esportivos em que você vê aquelas partes mais pegadas. É quase como se tivéssemos criado uma música para um documentário sobre um time desacreditado que chegou ao topo da tabela. E esse time poderia ser o Simple Plan: acho que nossa banda sempre carregou um certo ressentimento. Tivemos um baita sucesso, mas sempre alimentamos aquela ideia saudável de mirar num nível Green Day de ser a maior banda do mundo.” “Best Day of My Life” “Muita gente acha que a gente fez sucesso assim que surgiu. Mas eu e o Chuck fizemos parte de uma banda de skate-punk [Reset], aos 13 anos de idade – a gente abriu para o Face to Face e para o NOFX. Assim era o mundo de onde viemos: a gente tocava beats acelerados de punk e não estava nem aí para o sucesso. Sou um super fã de NOFX, Lagwagon e Pennywise – era o que eu costumava tocar quando era moleque. Eu e o Chuck adorávamos botar esse tipo de coisa nas nossas gravações. Algumas pessoas, que só conhecem a gente por ‘I'm Just a Kid’, devem pensar: ‘Epa, que negócio é esse?’. Mas esse é o tipo que música que a gente acaba tocando bastante porque elas são divertidas. Se você estiver tocando num festival e quiser ver um bom bate-cabeça na pista, é só mandar esta faixa.” “Slow Motion” “Mais uma vez, esta foi uma das ideias da lousinha do Chuck. Ele estava descrevendo essa coisa de amor à primeira vista. Você vê isso nos filmes o tempo todo, quando a garota entra pela porta em câmera lenta. A gente estava tentando fazer uma música com esse nível de emoção, bem cinematográfica. Em termos de produção, queríamos que ela fosse a mais grandiosa possível. Isso vai parecer meio bobo, mas, quando ouço este refrão, me dá vontade de chorar. Eu estava dirigindo para Los Angeles para uma sessão, sentado no carro com lágrimas escorrendo pelo rosto, pensando ‘Qual é o meu problema? Estou ouvindo minha própria música e chorando no meu carro!’.” “Two” “Agora que todos temos filhos, a ideia de terminar o casamento e ter que tomar decisões na sua vida que vão afetar as crianças meio que ganhou um significado totalmente novo. Para a minha sorte – e para a de Chuck –, a gente vem de famílias que permaneceram juntas, mas quisemos escrever sobre divórcio da maneira mais real e crua possível. Quando o casal está passando por uma separação e está preocupado com o impacto que isso vai ter em seus filhos, o que ele faz? Os pais começam a dizer: ‘Bom, de agora em diante, vocês terão dois Natais e duas festas de aniversário!’. E a criança provavelmente pensa: ‘Mas eu não quero isso! Não quero dois quartos ou duas férias, só quero um!’. Então, para qualquer pessoa que é produto de um divórcio, ou que está passando por uma separação, acho que esta música vai bater. É uma faixa difícil de cantar.”

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