Esperança

Esperança

Esperança, o quinto álbum solo de estúdio de Mallu Magalhães, foi gravado em 2019, mas chega ao público apenas em 2021, durante o período de isolamento social em decorrência do coronavírus. Com produção musical de Mario Caldato Jr., o projeto gravado em Portugal, onde a cantora reside, e no Brasil, conta com canções em português, inglês e espanhol. Inicialmente intitulado de Felicidade, o álbum passou por alterações para fazer mais sentido no momento. “Agora há uma luz no fim do túnel, que é a vacina, então há esperança”, diz Magalhães em entrevista ao Apple Music. Com muitos anos de estrada, a cantora, que começou a carreira muito nova, acredita que a experiência adquirida fez com que ela obtivesse, principalmente, tranquilidade naquilo que faz. “Acho que naturalmente a gente vai ficando um pouquinho mais calma, a tendência é ficar mais equilibrada. Sinto que meu grande desafio sempre foi este: o meu lado emocional. De resto, sou bem funcional como adulta”, conta a artista, que também é mãe de Luisa, que fez a sua doce e amável aparição durante a entrevista para perguntar “Com quem você está conversando, mamãe?”, e foi interrompida pelo pai, Marcelo Camelo, que levou a menina embora. No entanto, segundo Mallu Magalhães, a presença da filha foi algo recorrente durante as gravações do álbum Esperança. “Ela estava presente quando fizemos Vem, mas ela era um bebê. Agora, com ela já maior, foi um desafio. Leva giz, iPad, TV... Os amigos tocam tambor para a criança ver... Uma hora a Luisa estava tocando trompete!”, lembra com carinho. Com referências a Manu Chao, Frank Ocean e outros artistas que acompanham a cantora enquanto ela anda de skate, Esperança contou com um clima familiar durante a produção, consequência do fato da compositora ter escolhido apenas pessoas próximas para participarem. Assim, ela acredita que o álbum é “bastante natural, sem nada engessado”. “Ele é orgânico e agradável de ser ouvido. Os elementos digitais que compõem o álbum vieram naturalmente e o complementam.” Para Magalhães, não há necessidade de criar expectativas para o que virá depois desse projeto. “Algumas coisas mudaram com o último álbum, porque eu era muito devota à música, o que era difícil para mim, porque lidava mal com as crises, desafios e críticas. Agora, honestamente, só quero que cada dia seja feliz e que eu esteja com o coração no lugar para poder dialogar com o próximo de uma maneira positiva e transmitir algo bom.” A seguir, a cantora nos convida a enxergar uma luz no fim do túnel e conta detalhes de cada uma das faixas de Esperança. América Latina “É bem um retrato da minha infância, com referências a elementos daquela época, como a miçanga, o tererê, a lama, eu e minha irmã andando na represa, subindo em árvore... Tem muito disso. E fala também da riqueza da América Latina, principalmente do Brasil, com as belezas naturais. E tem uma coisa de ‘vamos como der’, que é bastante latino, do coração, de ‘pode até ser que eu não tenha tudo o que eu deveria, mas eu vou mesmo assim’. Acho que o latino-americano, o brasileiro, tem uma cultura de ser muito emotivo e visceral, o que acaba nos dando coragem de ir, apesar de tudo.” Deixa Menina “Quando a Luisa era bem pequena, ela falava ‘deixa menina’. Quando a gente chegava à praia, ela saía em disparada até o mar, quando ela ainda era neném, sem saber nadar, então a gente ficava desesperado, correndo atrás e dizendo que era perigoso. Ela falava ‘deixa menina!’ porque queria entrar. E tudo era isso. Então eu fiz a música com isso, e toda vez que eu cantava e pensava nela, eu imaginava a Preta Gil cantando, não sei por que, mas acho que é por causa da energia libertária e quente dela. Enquanto eu conversava com o Marcelo [Camelo], eu contei que cantava pensando nela, e ele deu a ideia de chamá-la para cantar. Eu a chamei, ela topou, e foi incrível. Fiquei muito orgulhosa.” Pé de Elefante “Ela é muito louca! Comecei a fazer essa música muito sem sentido, fui colocando as palavras aleatoriamente e tomei gosto. Acho que me encontrei total nesse tipo de construção, que parece que não faz sentido nenhum, mas, quando você lê a letra, entende todo o sentido. Constrói quase que uma imagem sensorial pelas palavras, porque a letra é diferente. E o arranjo também é bem diferente. E eu estava experimentando algumas coisas incomuns, e depois falei para o Mario [Caldato Jr.] que queria elementos assim. Então a música não mudou muito depois que eu a criei.” Barcelona “Barcelona é uma gracinha, muito alegre. Eu fui para lá e adorei, achei divertido. E fiz uma música com esse astral de felicidade, sol, e caminhando, não sei. Fiz a música e tinha uma parte com um solo, mas não estava legal, e pensei: ‘E se tiver uma narração? Uma coisa meio romântica, meio chique... Imagina se for o Nelson Motta?’. Tinha que ser ele! Chamei e ele topou. No meio da canção, ele entra e fala. É um brinde!” Regreso “Ela é triste, e isso é bom, né? Mas também é muito bonita. Tem toda uma imagem dramática, mas não é autodestrutiva, é só dramática.” As Coisas “É muito emotiva, uma balada rock. Parece uma coisa motivacional para mim mesma. Tanto que eu escuto essa e choro. Acho que, se fosse de outra pessoa, eu choraria igual, diria: ‘Que musicão!’. E minha pretensão é que ela toque no fim de um casamento ou no réveillon. Quando eu estiver em um desses eventos e ela tocar, vou sentir que eu cheguei lá na minha vida.” Cena de Cinema “É quase que uma brincadeira com o começo da minha carreira, porque ela é muito parecida com as músicas dessa época. A canção é bastante doce, alegre, divertida e bem-humorada.” I’m Ok “Essa é em inglês, óbvio. E, como a maioria do álbum, é uma música autobiográfica, que conta uma historinha que realmente aconteceu: eu tive um pequeno lapso acadêmico, achei que conseguiria seguir um ensino superior, e foi uma grande decepção. E conta um pouco sobre essa decepção, mas é engraçado, porque foi um ano que teve uma sucessão de problemas, mas você pensa: ‘Deus, o que aconteceu com esse ano?’. Porque foi coisa atrás de coisa. E a mensagem é achar engraçado, porque, apesar de tudo o que aconteceu, eu tenho o meu amor e está tudo certo.” Fases da Lua “Eu adoro, e ela ficou muito louca, porque em casa ela era meio bossa nova, doce e simples, mas, quando chegou ao estúdio, e ninguém tinha ouvido ainda, o Domenico, que é o baterista, começou a tocar uma base bem bonita, e eu cantei. Então os músicos, lendo as cifras, fizeram ela renascer ali, deixando um arranjo improvável, e eu dando corda. Comecei também a fazer umas maluquices na guitarra... E ficou totalmente diferente do que eu imaginava.” Você Vai Ver “Muito fofinha, doce e alegre... Uma daquelas músicas para você ter uma mensagem de ‘calma, está tudo bem, vai dar tudo certo’. É um pouco por aí.” Quero Quero “Essa foi uma das primeiras músicas que eu fiz para esse álbum. Eu tocava, e todo mundo gostava nas rodinhas de violão. Ela é viciante, com um refrão legal, e tem bem esse cheiro do Brasil, uma coisa alegre e florida, com referências aos elementos da natureza. Ela é bem leve e feliz.” Enjoy The Ride “Foi uma canção que eu fiz para a Luisa, para esses momentos meio de fossa. E escrevi em um desses momentos. Enfim, são conselhos que servem para ela, mas servem para mim também, assim como para quem quiser ouvir. Ela me mostra em um local de fragilidade, mesmo quando não estava no meu melhor, que eu devia continuar tentando. Ela fala sobre a onda da vida, a imagem cíclica da vida. E apreciar a jornada, já que o tempo não para, temos que aproveitar como dá.”

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