EITA

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A BRAZA lança EITA, o terceiro álbum de estúdio da banda que, com a já conhecida mistura de ritmos brasileiros, apresenta uma fusão de funk carioca, reggae, rap e outras referências. Essa combinação de estilos se originou no passado musical dos integrantes da banda. “Como temos uma bagagem anterior ao grupo, do Forfun e do Família Gangster, já fizemos várias outras coisas”, conta Vitor Isensee, tecladista e um dos vocalistas, em conversa com o Apple Music. “Quando começamos a BRAZA, foi premeditado construir tudo baseado em conceitos. Colocamos estes três pilares: a herança da música brasileira, o reggae e a linguagem do rap. Essa vem sendo a nossa linha mestra, e tentamos colocá-la de uma forma original e que faça sentido.” Para Isensee, essa tentativa de criar algo novo se consolidou com o lançamento de EITA. “Neste álbum, chegamos ainda mais perto dessa originalidade, algo que procurávamos desde o começo da BRAZA. Ele consegue entregar um produto bem original, esse é o grande êxito do álbum.” No entanto, segundo o músico, nem tudo foram flores durante o processo de criação do projeto, já que sua finalização aconteceu durante a pandemia do coronavírus, o que obrigou os integrantes a produzirem separados entre si. “Compor à distância é muito difícil”, comenta Isensee. “A produção feita em casa foi a maior dificuldade que encotramos, porque é um processo muito íntimo: pede o olho no olho, cara a cara. Desde a sintonia, do contexto que estamos vivendo, até a facilidade de trocarmos as ideias. Mas a gente deu sorte, porque o álbum já estava 80% pronto antes da pandemia – não gravado, mas composto –, e já tínhamos a cara das canções.” Uma das mudanças pelas quais EITA passou foi na produção. Inicialmente, a ideia era produzir o álbum inteiro com o DOGZ, coletivo do Rio de Janeiro, mas os planos precisaram ser revistos e apenas as faixas “Avenida” e “Cartas do Tarô” contaram com a participação deles. Formada por Danilo Cutrim, Nícolas Christ, Pedro Lobo e Vitor Isensee, a BRAZA se reiventou para criar o novo projeto, mesmo com as adversidades. “A gente teve que dar o nosso jeito para terminar o álbum, de maneira modesta. A gente mesmo produziu as faixas que faltavam, e Pedro Garcia, um grande amigo nosso, mixou boa parte.” E, mesmo com os problemas, a BRAZA ainda fez uma música do zero à distância. “A faixa ‘Mais Que Folclore’ surgiu inteira durante a pandemia. Ela não tem um refrão que se repete, porque cada um foi passando a bola para o outro e, quando devolvia, já tinha uma ‘coisinha’ a mais.” Além disso, Isensee conta que foi necessário também mudar uma parte da letra de “Avenida”: “Ela dizia ‘na multidão, me entrego na avenida’, mas não faz sentido durante o distanciamento. Então mudamos para ‘meu coração é todo uma avenida’. O que fizemos foi mais esse ajuste fino.” Quanto ao título, EITA, o músico conta que foi uma sugestão do guitarrista Danilo Cutrim. “Foi bem espontâneo, ele falou do nada. Percebemos que é uma expressão que tem muita a ver com as faixas do álbum, com o que estamos vivendo. Ela também traz a ideia de assombro, de você se admirar, de pensar: ‘Caramba, o que está acontecendo?’. A gente vive um momento difícil, então esse nome vem do sentido de trazer esse assombro e pensar no que faremos a partir disso.” A seguir, Vitor Isensee conta detalhes de cada uma das oito faixas de EITA. Avenida “Ela é a melhor música que a gente já fez para abrir show. Depois de quase dois anos, fizemos três shows e abrimos com ‘Avenida’. Foi uma catarse, o público veio junto com a banda. Ela é muito energética, tem um riff de marimbas no começo que ficou tão marcante quanto o refrão. Ela também tem uma peculiaridade, porque, de tudo o que já fizemos, talvez ela seja a que mais traga no arranjo a influência do funk carioca, com um tambor de funk, que é fruto da produção dos DOGZ. E a letra sintetiza a mensagem da BRAZA: ela fala de uma questão pessoal, sobre algo que pode ser aplicado a muita gente, e fala da questão social e existencial. A letra é bem representativa, dá uma sintetizada nas letras do BRAZA como um todo.” Cartas do Tarô “É uma música mais sensual, com uma letra que flerta com a relação conjugal. Ao mesmo tempo é possível interpretá-la quase como um louvor, porque a letra pode ser cantada para um crush ou para Deus, por exemplo. E, mais uma vez, tem a produção dos DOGZ. Além disso, tem um riff que produzimos a partir da voz do Nicolas. A gente pediu para ele falar ‘A’ e montamos baseados nisso.” Lá Adiante “Eu tenho um carinho muito grande por ela. É uma música que vai mais fundo na questão social e política. Coloca o dedo em algumas feridas do Brasil contemporâneo. Esteticamente, ela tem uma característica muito legal, uma aproximação com a música regional, uma escala que remete muito à do baião e do forró. A gente fez a música intencionalmente usando essa escala e essa referência para trazer um baião eletrônico, com uma roupagem moderna, com um timbre de bumbo que tocaria na pista hoje em dia. Foi uma música muito feliz e conseguimos chegar a um resultado bem interessante, misturando uma linguagem brasileira com músicas que estão rolando por aí. E foi a primeira vez que tentamos colocar uma estrutura de rimas específica da literatura de cordel, que é o martelo agalopado, com rimas não previsíveis.” Paciência “Essa é uma das inéditas. Tem um refrão muito bom. Eu dizia que ela é prima da ‘Avenida’, porque tem uma pegada energética que funcionará muito bem nos shows. Ela traz uma coisa cada vez mais frequente na BRAZA, que é a presença da voz do Pedro Lobo, o baixista, porque é ele quem canta o refrão da música. Acho que ela tem uma sonoridade futurista, mas ao mesmo tempo tem uma letra e uma mensagem para o momento presente.” Andei Andei (Incidental: Le Bolívia) “Essa música vai ser a faixa foco. Ela é um ‘reggae samba’. O processo dela foi interessante, porque tínhamos a melodia e a letra, mas não tínhamos um arranjo. Na época, o Pedro Lobo estava produzindo o álbum de um músico de São Paulo, o Toinho Melodia, e ele teve a ideia de colocar um cavaquinho na música que tinha sido gravada para o Toinho. Ele percebeu que tinha os mesmos tom e andamento. Ele encaixou e levou a música para outro lugar. Essa sonoridade do samba foi para uma levada extremamente reggae, e acabou virando essa música experimental. Eu gosto muito do resultado, da música, da letra. É bem existencial, fala sobre a dualidade e sobre ‘as dores e as delícias de viver’, como diz o Caetano Veloso.” Mais Que Folclore “É a minha preferida do álbum. Talvez ela seja mais um ‘lado B’, sem um formato comercial. Ela tem uma introdução mais longa, com uma primeira parte que não dialoga com a segunda, é um pouco mais ‘diferentona’. Ela traz essa coisa do regional, de um Brasil mais profundo, de uma herança nordestina. A gente conseguiu misturar tudo isso e falar de muita riqueza cultural. Ficou uma música bem diferente.” Olinda “Esta traz a única participação do álbum, a Nêgamanda. Quando surgiu esta música, pensamos em um vocal feminino e a chamamos. Tem até uma parte que compusemos juntos. É um reggae romântico e tem muita referência de bandas de reggae contemporâneo. E é uma música que fala de amor.” Vai Surgir “Ela é mais um patinho feio. Gosto muito dela, mas ela foi crescendo junto com as outras, de uma maneira mais coadjuvante. Eu gosto do refrão, do verso, do arranjo, mas ela tem um estilo um pouco datado. A galera na casa dos 20 [anos] talvez não tenha muita conexão com ela. Mas a trouxemos para uma coisa bem brasileira de hoje em dia. Ela fecha o álbum com essa ideia do que ainda está por vir.”

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