30 Anos De Baile

30 Anos De Baile

Depois de três décadas como artista solo, Fernanda Abreu continua na pista. Para comemorar os 60 anos de idade e os 30 do lançamento de Sla Radical Dance Disco Club, a cantora lança em 2021 o álbum de remixes 30 Anos de Baile. “Estava tudo planejado desde o final de 2019. Primeiro, lancei um single inédito, que eu compus com o Pedro Luís, em homenagem ao Jorge Ben Jor, chamado ‘Do Ben’”, relata a artista ao Apple Music. “Depois, teve o registro da gravação da turnê Amor Geral, que acabei lançando em dezembro de 2020. No segundo semestre de 2020, eu lançaria o álbum de remixes, mas com o trabalho do DVD, que é mais complexo, eu acabei esperando para lançar esse em 2021.” A cantora começou a carreira como backing vocal da Blitz, banda de pop rock liderada por Evandro Mesquita. “Quando eu saí, em 1986, comecei a formatar o meu primeiro álbum solo e tinha certeza de que queria fazê-lo com músicas dançantes, bem brasileiras”, conta. Para ela, o lançamento de Sla Radical Dance Disco Club, o primeiro trabalho solo, teve grande apoio dos DJs, que colocavam as faixas para tocar em festas. “Eu senti que essa cena ficou muito entusiasmada de tocar música brasileira na pista.” Considerada a mãe do dance pop brasileiro, Fernanda Abreu quis então retribuir aos DJs o carinho recebido ao longo das três décadas de carreira: “Eu quis colocar as minhas músicas na mão deles, para que fossem remixadas”. A cantora chamou o DJ Meme, um amigo de longa data, e decidiram juntos chamar DJs de idades, preferências e estilos variados para participar do projeto. “Havia alguns que tinham que estar no álbum, por fazerem parte da minha história, como o próprio Meme, o Corello, o Malboro – mas este não pôde participar. Já o Dennis DJ e eu estávamos muito próximos, e a gente se conhece há muito tempo, do mesmo jeito que o Tropkillaz.” Autoproclamada “supervirginiana”, Abreu considera a sua trajetória musical bastante “coerente”. “Minha pegada é música pop dançante, é o que eu gosto, mas também canto outras coisas”, explica a artista que tem, entre os planos para o futuro, lançar um álbum de samba. Além disso, há projetos de documentários e um volume 2 para 30 Anos de Baile, dessa vez apenas com DJs mulheres. A seguir, a cantora comenta cada um dos remixes do álbum que, além de homenagear personagens tão importantes para sua carreira, propõe uma importante releitura dos seus maiores hits. Jorge da Capadócia “Foi uma música que o Gui Boratto escolheu fazer, e ela é importante na minha trajetória porque foi a primeira música do cancioneiro brasileiro que eu gravei. Até então eu só tinha gravado músicas de minha autoria, nunca tinha gravado como intérprete, então escolhi essa do Jorge Ben Jor, porque eu o adoro, e gravei em 1992. Ela deu muito certo, o próprio Ben Jor adorou, e foi bastante relevante para a minha trajetória. Quando o Gui escolheu essa música, fiquei feliz por ela estar no álbum e achei a produção dele espetacular, me surpreendeu. Achei que ficou muito boa mesmo.” Katia Flavia “A original, de 1997, já tem uma sonoridade muito boa. Apesar de existir há muitos anos, ela tem uma pegada que funciona na pista até hoje. A mixagem é boa, os timbres... Ela ainda segura uma onda na pista. Ficamos muito curiosos para saber como o Bruno Be poderia fazer uma versão diferente de uma música tão legal para a pista. E ele conseguiu, atualizou a linguagem e deixou a batida sensacional. Eu a escolhi para usá-la como faixa promocional.” A Noite “Ela é emblemática, porque foi o primeiro single que eu lancei na minha carreira. A música renasceu há uns anos, quando eu comecei a ouvir muitos DJs trazendo-a de novo para a pista. Senti que ela se tornou um clássico. O Zé Pedro adora essa música, e ele resolveu fazer uma versão house dela e, no meio, fizeram uma coisa bem diferente. Caiu nas mãos certas.” Bidolibido “Foi uma surpresa para mim, porque eu não sabia que o Vintage Culture e o Shapeless estavam fazendo esse remix. Só [fiquei sabendo] quando alguém foi a uma festa no Rio e me contou que essa faixa estava arrebentando nas pistas. Até que o Vintage Culture me mandou e eu me surpreendi, porque essa versão não tem nada a ver com a música original, e ele desconstruiu a letra toda, ficou genial. Ele mudou os versos, trocou de lugar, e ficou muito bom. Eu quis que esse remix entrasse no álbum, mesmo não sendo inédito, não tinha como ficar de fora.” Rio 40 Graus “Foi um desafio, porque nenhum DJ escolheu fazer o remix de ‘Rio 40 Graus’, e é um desafio, porque tem muita letra. Então o Meme deu a ideia de chamar o Ani Phearce para fazer um reggaeton, e eu achei que ficou supersolar. Curti bastante.” Veneno da Lata “Quando eu chamei o Zegon, ele disse que queria fazer ‘Veneno da Lata’, por vários motivos. Primeiro porque é do período em que nos conhecemos, e ele sempre gostou muito dessa música. E também tem a história de quando o Planet Hemp estava gravando o Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára [1997]. Eles desceram ao estúdio em que eu estava e me levaram para gravar a faixa ‘Zerovinteum’ só para falar ‘É o veneno da lata’. Então tem uma história mais afetiva. E o Zegon também disse que queria a voz da Sofia, minha filha, a cappella, mas eu não tinha mais... Fui caçando com os produtores com quem eu tinha gravado naquela época e achei.” Você Para Mim “O Dennis que escolheu. Ele me ligou e disse que adorava esse álbum, até me mostrou a cópia dele. Então ele perguntou se poderia chamar uma pessoa para fazer um ‘feat’, e indicou o Projota. Ele fez uma batida bem diferente da original, e o Projota entrou. Virou praticamente uma música nova e ficou bem legal, ela nasceu de novo.” Saber Chegar “Essa é a cara do Corello, e ele é o principal DJ de soul e charme do Rio de Janeiro, um clássico – além de ser um ótimo remixer. Ele chamou o Douglas Marques, que é um cara mais novo, e foram para o estúdio. Eles deram um tapa para ficar com cara de pista, e o beat ficou perfeito.” Deliciosamente “É uma faixa do álbum Amor Geral, que, quando o Meme ouviu, ele já queria ter produzido, porque tinha adorado. Agora, quando tive a ideia do álbum e o chamei, ele já pediu para fazer o remix, e eu topei. A música ficou a cara da pista do Meme.” Torcer Pela Pista “O Meme queria fazer um remix da música ‘Eu Vou Torcer’, do Ben Jor, que eu gravei para o álbum Na Paz. Quando a gente foi para o estúdio pegar a voz a cappella, acabou a luz e não conseguimos abrir a sessão, mas, quando a energia voltou, estávamos em outra pegada, comecei a fazer outra letra, mais direcionada para a pista. Virou outra música. Então um dia ele viu o Fancy Inc tocando e conversou com eles, que queriam fazer o remix, e fizeram.” Tambor “Uma música do álbum Amor Geral, na qual eu tive a honra de ter a participação do Afrika Bambaataa, pai do hip-hop. Eu liguei para o DJ Danny Dee e perguntei se ele topava fazer um remix de ‘Tambor’, e ele disse que adorava essa música e que queria levá-la de volta para quando ela começou, nos anos 80. Acabou ficando uma onda de eletrofunk.” Outro Sim “Também uma música do álbum Amor Geral, o meu último de inéditas. Ela tinha ganhado um remix feito para uma rádio, no qual o Emicida fez uma participação, e eu tinha adorado, mas a rádio acabou não usando. Liguei para o Ruxell e disse que poderíamos fazer uma versão. Como eu já tinha a voz do Emicida a cappella, ficou bem legal.” Space Sound 2 Dance “Essa é uma música muito engraçada, porque está lá no primeiro álbum, mas ela é muito louca, porque na época, em 1990, o Meme tinha feito uma batida de house e eu tinha chamado um amigo meu ator para declamar um texto sobre arte, natureza... E eu criei o refrão com ‘Space Sound 2 Dance’, e ela se tornou um lado b. Então um dia encontrei o Millos Kaiser em uma festa, e ele estava tocando essa música. Quando chegou a hora de fazer esse álbum, eu o convidei e ele topou, apenas pediu para que eu adicionasse uma voz de novo. E eu fiz o texto que tinha na original, por isso ela tem um quê de inédita.”

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