Caleidoscópico

Caleidoscópico

Com 15 anos de carreira, o Maneva chega ao seu 11º álbum, Caleidoscópico. Com lançamento atípico, as 12 faixas chegaram ao público por meio de quatro EPs, disponibilizados com um mês de diferença entre eles, todos com músicas inéditas e com parcerias com artistas como MC Hariel, Cynthia Luz, Di Ferreiro e Natiruts. O novo trabalho, segundo o vocalista Tales de Polli, tem a intenção de “democratizar o reggae”. “Nós temos grandes artistas de renome fazendo reggae: o pessoal do sertanejo, do pop, do axé. Só que a gente não tem muitas bandas de reggae no mainstream fazendo o gênero”, conta em conversa com o Apple Music. “Conhecemos um monte de banda no underground, mas elas não vêm na onda. O gênero é muito ‘nichado’, ainda que muitos artistas usem muito o reggae. Então a nossa missão é dar o lugar de destaque que o reggae merece.” O título Caleidoscópico deriva de um conceito bastante solar e colorido, segundo Polli. “Vivemos dias tão cinzas que quisemos fazer algo para colorir. E o caleidoscópico é uma coisa livre, metamórfica, que, dependendo da maneira que você coloca, ele tem uma forma diferente”, explica. Para ele, o álbum carrega esse nome justamente porque é algo que só poderá ser visto “se você abrir o coração para entender que a vida é liberdade, feita de mudanças, assim como os prismas e as formas nos caleidoscópicos”. Além de Polli, o quinteto conta também com Felipe Sousa (guitarra), Fernando Gato (baixo), Diego Andrade (percussão) e Fabinho Araújo (bateria). No entanto o cantor acha que há outros nomes que ajudam a compor a banda: “Tem muita gente que acredita em nós, são parceiros que apoiam o Maneva em nossas músicas e em tudo que nós acreditamos.” “Todos respeitam a nossa essência e quem a gente é, o nosso jeito de fazer música.” Então, com a produção de Daniel Ganjaman, a banda ganhou uma roupagem mais moderna, mas não perdeu o próprio espaço autoral. Com tantos anos de carreira, o Maneva preza por manter a liberdade e vontade que existe na banda há 15 anos. Porém o sucesso trouxe também uma estrutura melhor para o quinteto se desenvolver, algo que é visto como bastante proveitoso por todos, afinal hoje há mais tempo para “ser artista”, e não é mais necessário que os integrantes gastem o tempo com venda de ingressos de show, por exemplo. Assim, a banda se mantém cantando o amor não apenas pela vida ou pelas pessoas, mas também pela própria música. “A gente quer mudar a filosofia de que canções são passageiras, descartáveis”, conta Polli. “A gente faz música para sempre, para ter um legado. O sucesso e o dinheiro são consequências das músicas que vêm do coração.” Abaixo, Tales de Polli nos guia por faixa a faixa de Caleidoscópico e conta detalhes de cada uma das músicas do álbum. Banco de Areia “Ela traz justamente a parada do verão, da descontração, da diversão, de começo de namoro... Aquela onda de querer estar sempre grudado, o melhor para o outro... Aquele momento de paixão. Ainda não virou amor. E você fica olhando com cara de bobo, quer estar no mesmo rolê com a pessoa, diversão total. Eu acho que ‘Banco de Areia’ marca isso, além de uma celebração da natureza. Acreditamos muito nos cenários, tanto que na pandemia do coronavírus a gente percebeu que ficar em casa cansa, e às vezes fica difícil imprimir grandes histórias se você está fechado em casa, sem conviver, e nesta música a gente quis prezar a importância de um cenário, de compartilhar as coisas legais, e é justamente a coisa de estar no mar e ver o sol nascer no banco de areia. Acho que a celebração do amor jovem está bastante presente nesta faixa.” Desejos “Esta é uma celebração da beleza feminina. A gente gosta muito de celebrar as mulheres, de trazer a poesia da mulher, que está no jeito de andar, de arrumar o cabelo, de fazer as coisas, então a gente acredita muito que mulher é poesia. E ‘Desejos’ traz exatamente isso: a mulher sai andando na rua e o mundo para. E tem uma parte curiosa, porque no nosso estúdio, o nosso vizinho é o seu Zé, e quando estávamos compondo, pensamos nessa imagem dela andando na rua, e eu falei: ‘Fez o Seu Zé se apaixonar’, que é nosso vizinho. Então é exatamente isso: o mundo para pela poesia dela. Celebrar a beleza das mulheres que encantam e deixam o mundo mais perfumado, mais bonito.” Estrelas do Céu “’Estrelas do Céu’ é justamente sobre a fugacidade da vida, sobre como o tempo é fugaz e como ele passa muito rápido para a gente e a gente precisa sempre deixar o nosso melhor para quem vem depois de nós, os nossos filhos e as crianças que convivem com a gente. Então ela tem essa coisa de eterno aprendizado. Acredito muito que a gente sempre volta para cá e sempre evoluímos, nunca o contrário, e é exatamente o que esta faixa fala. Acho que, deste EP, é uma das músicas mais fortes, de palavra, de mensagem... Que diz que a nossa maior herança é o nosso legado, porque a gente não faz um mundo melhor, a gente faz pessoas melhores.” Me Deixa “Esta música tem Cynthia Luz e traz uma parada de relacionamento abusivo, de a menina estar em casa, ganhando apenas migalhas de atenção. E trouxemos uma vibe meio Chico Buarque quando fomos fazer esta faixa, porque ele era mestre em cantar em primeira pessoa no feminino, se colocar no lugar da mulher. A gente conseguiu retratar aquela mulher que não está feliz no relacionamento e acaba engolindo certas coisas, porque não tem força nem coragem para reagir, mas no fim das contas ela consegue, tem uma ressureição. Ela percebe que é dona dela própria, do futuro e do destino dela, e não precisa de migalhas. E é aquela coisa: amar é só ter filho? É só amar alguém? Ela consegue se libertar das amarras que são tão difíceis para quem sofre.” Ser Perfeito “É muito louco isso, porque ninguém é perfeito. Então esta faixa é justamente a aceitação da gente, do jeito que nós somos, com as nossas falhas, com os nossos defeitos. E saber que estamos em processo de aprendizado mesmo, evoluindo. É muito doido, porque a gente dorme um e acorda outro. Se você perceber, o que você pensava há seis meses, não é o que você pensa agora. Estamos em constante evolução. É para a gente se aceitar, aceitar o outro e, principalmente, não jogar as suas expectativas no outro, mas amá-lo pelo que ele é.” Não Nos Falta Nada “Esta é uma celebração sobre a gente precisar de muito pouco para viver. A gente vê a galera gastando saúde para poder acumular riqueza, quando na verdade a gente tem que tratar a riqueza e o dinheiro como consequência de uma coisa que a gente ama fazer. Feliz daquele que sabe o que quer fazer na vida a partir do que gosta, nunca mais lhe falta nada e você nunca mais passa por isso. Quando você acha o seu propósito, nada lhe falta porque você está satisfeito no peito, no coração.” O Que Tiver Que Ser, Será “‘O Que Tiver Que Ser, Será’ é estar despreocupado, é não colocar expectativas na parada, deixar as coisas rolarem. Às vezes a gente vai fazer qualquer coisa e já está pensando no resultado, querendo saber o que vai rolar. Mas tem que curtir o processo, porque, mesmo que dê errado, você aproveitou o momento e viveu uma coisa legal. A vida é curta demais para ficarmos frustrados com qualquer coisa que não dá certo.” Inevitavelmente “Esta foi um presente do Deko e do Gabriel Elias – aliás, era para ter saído no álbum do Deko, e ele foi muito sábio, humilde e generoso. Ele me chamou para gravar e disse que a música tinha nascido para o Maneva. E eu comecei a pensar na frase que ele falou: ‘Inevitável você não cantar esta canção’, e colou muito! Ela traz essa parada do destino, que às vezes as coisas nasceram para ser. O destino está sempre aí, apontando para a direção que ele tem que estar.” Passa o Dia “A gente estava fazendo uma turnê na Europa e, em um dia de folga, peguei o violão, ainda estava meio claro, então pensei em falar da passagem do tempo. E eu estava longe, então estava com muita saudade da minha mulher, dos meus filhos, e fiz uma celebração da saudade da mulher que acredita em mim, do meu lar... E sabendo que, com um mundo de possibilidades, eu sempre escolheria estar aqui com ela no lugar onde estou.” Lágrimas de Alegria “Esta fala bastante do reencontro com você mesmo, porque você precisa estar bem para poder deixar as pessoas bem. Eu acho que a gente não pode se prender às coisas ruins nem remoer o que é ruim. É ruim, vai doer, mas precisa passar. A gente precisa entender que o sol não vai deixar de brilhar e, dia após dia, as coisas vão continuar. O mundo continua rodando, o tempo passando... Quando você está bem e entende isso, você consegue passar isso para as pessoas, e acho que foi daí que veio o refrão.” Vem Me Beijar “’Vem Me Beijar’ é a grande romântica do álbum, com aquela mensagem de que você faria tudo por aquele amor incontrolável, que você daria o mundo se precisasse. A gente retrata situações metafóricas para tentar mensurar o que é o amor. E é difícil isso, não é? Não dá para medir o amor. Então a métrica do amor é a metáfora. Ela é a unidade métrica do amor, e a gente usa isto na música, uma medição do amor por meio de coisas absurdas, para saber o quão grande é aquela paixão, aquela vontade de estar junto.” O Tempo Passa “O tempo passa e passa rápido, ele não para por nada! E às vezes a gente se prende a um orgulho besta quando você quer ganhar uma discussão, quer estar certo... E essa ânsia de estar certo nos cega. O ego está tão cheio, mas o lado da cama, vazio. Até que ponto vale levar a ferro e fogo só para provar algo e, ao mesmo tempo, perder um monte de coisa legal? Esta música é para não alimentarmos o orgulho que cega, porque ele beira o egoísmo.”

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