Nenhuma Dor

Nenhuma Dor

Gal Costa é uma das vozes mais importantes da música brasileira de todos os tempos, e é impossível discordar. Com mais de 50 anos de carreira, a cantora completou 75 anos em 2020 e, para comemorar, criou o projeto Gal 75, com participações de diferentes artistas. “Foi um processo que Marcus Preto [diretor artístico] queria fazer comigo e começou há bastante tempo”, conta Gal Costa ao Apple Music. “Todas as ideias de repertório foram sugeridas por Marcus, que me passou as músicas e eu aceitei gravá-las.” Com dez faixas, o álbum de regravações de clássicos tem o título Nenhuma Dor, música que tem a participação de Zeca Veloso, filho de Caetano, com quem Gal cantou originalmente a faixa. O projeto, produzido durante a pandemia do coronavírus, foi encarado pela cantora como um “respiro”: “Foi um alívio fazer o álbum, uma sensação muito boa. Trabalhei, cantei, fiz o que eu mais gosto. Foi uma delícia”. O momento no qual o álbum foi criado também influenciou o título escolhido por Gal, pois até pouco tempo antes de seu lançamento, o projeto estava apenas nomeado como Gal 75. No entanto, a ideia de “seguirmos firmes na estrada que leva nenhuma dor”, como a letra da faixa-título, a fez concluir que essa seria a melhor opção, porque “incentiva as pessoas a seguirem firme neste período difícil, para a gente chegar ao momento de prazer”. Para ela, é importante que o público ouça o álbum e “se delicie”. “Quem gosta do meu trabalho vai gostar de ouvi-lo e pode levá-lo a outras pessoas. Eu acho importante que esse projeto seja lançado agora justamente por isto: as pessoas estão precisando de coisas que vão aliviar a dor pela qual estão passando.” O álbum conta com grandes participações, como Criolo, Rubel, Tim Bernardes, Rodrigo Amarante, Jorge Dexler e muitos outros. Alguns já eram conhecidos de Gal Costa, mas outros foram indicações de Marcus Preto. Já sobre as regravações, a cantora revela que algumas músicas infelizmente ficaram de fora, mas adorou todas que entraram. “Não foi fácil, mas foi também muito prazeroso regravá-las. O que, de certa maneira, poderia ser um risco porque muitas ali são marcantes, né? Mas a gente conseguiu fazer uma coisa fresca com elas, quem ouve não pensa ‘a primeira era melhor’, mas sim: ‘esta versão também é muito boa’”, explica. “É muito legal que a gente tenha conseguido.” Abaixo, Gal Costa nos acompanha pelas dez faixas de Nenhuma Dor. “Avarandado (feat. Rodrigo Amarante)” “‘Avarandado’ é uma música linda. E eu gosto muito do Rodrigo Amarante, eu sempre disse que ele é o João Gilberto do rock ‘n' roll. Ele tem essa coisa forte, então foi uma delícia. Ele produziu o arranjo na casa dele e colocou a voz. Uma coisa que eu tenho a agradecer a todos é que eles gravaram com a minha tonalidade, e eu acho que foram muito bravos e fizeram muito bem-feito, porque cantar no tom do outro, às vezes, é difícil. Eu acho que ele foi muito feliz em cantar no meu tom. Eu gosto da gravação, eu acho que ela é alegre, ela é fresca.” “Só Louco (feat. Silva)” “É uma música do Caymmi e eu amo, além da gravação ser bem bonita. É uma das que eu mais gosto, na verdade. O Silva tem um canto ótimo. Na cabeça do Marcus, a ideia era mostrar que os cantores têm influência do meu canto. Isso é bom de ver, né? Então, eu acho que está bem bonita a faixa. Esta música é divina, Caymmi é um bálsamo.” “Paula e Bebeto (feat. Criolo)” “Eu também gosto muito do arranjo desta música. Ela foi feita com o Criolo, e acho que está muito bem elaborada. O arranjo é uma delícia. Não tenho muito o que falar, só dizer que eu gosto.” “Pois É (feat. Antônio Zambujo)” “‘Pois É’ eu adoro, gosto muito. Talvez seja uma faixa que não tenha sobressaído tanto quanto as outras, mas eu adoro. Essa qualidade que, na minha opinião, é sofisticada, de canto e arranjo. Tem uma estranheza que, para mim, é uma beleza. E é a mais curtinha do álbum.” “Meu Bem, Meu Mal (feat. Zé Ibarra )” “É muito legal, é um canto grave, né? Na verdade, quando o Zé Ibarra fez a base da música, fez em um tom mais baixo para ele cantar e fez uma modulação para eu cantar. A gente estava no estúdio, eu gravei a minha parte toda direta, e o Marcus falou para eu cantar no grave. Aí eu falei: ‘Mas cantar no grave?’, mas eu fui e cantei. E eles adoraram, disseram que estava muito bonito. E eu ouvi e gostei também. Eu acho que fiz o inusitado, o que diferencia muito da primeira gravação que eu fiz e enriquece o fato de cantar no grave. Aí ele cantou no meio tom, que é o tom que seria o meu. Isso foi muito interessante.” “Juventude Transviada (feat. Seu Jorge)” “A base foi feita pelo Seu Jorge, que, quando canta, me lembra muito o Luiz Melodia. Traz a memória, apresenta, é a voz do Luiz, é a mesma praia. Muito bonito.” “Baby (feat. Tim Bernardes)” “Eu gosto da gravação dele comigo porque tem muita referência da minha gravação, da primeira gravação minha de ‘Baby’. Ele me disse que gosta muito do arranjo de Rogério Duprat e ele faz aquele rabo de ‘baby, baby’, e é uma criação minha aquilo. Então eu gosto, acho lindo ele cantar naquele grave afinadíssimo. É bem bonito.” “Coração Vagabundo (feat. Rubel)” “O Rubel fez a base, e eu adoro essa música, é uma das minhas preferidas do repertório. Eu gosto da gravação, ela é bem simples. É bem o que a música é mesmo, ficou bem legal.” “Negro Amor (feat. Jorge Drexler)” “É muito bacana, eu gosto muito do jeito que o [Jorge] Drexler canta em português. Ele canta com o sotaque perfeito, é maravilhoso. Quando eu ouvi a primeira vez, já gostei logo de cara dele cantando em português”. “Nenhuma Dor (feat. Zeca Veloso)” “Esta é linda. Eu gravei esta música nos anos 60, e esta gravação é muito bonita porque o Zeca [Veloso] tem um timbre de voz suave que combina com o meu. Ficou uma gravação pura, límpida, muito bonita. Ele também produziu a faixa, fez o arranjo e tudo mais.”

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