Quando avisou à família que deixaria o curso de engenharia química a um ano da formatura para se dedicar à música, Lenine ouviu do pai o questionamento: “por que demorou tanto?”. Décadas depois, a indagação faz sentido. Habilidoso ao lapidar letras, o cantor e compositor domina o violão com uma técnica percussiva capaz de transformar cada uma de suas músicas em experiência de múltiplos ritmos. • Enquanto se divertia entre mangue e praia, Oswaldo Lenine Macedo Pimentel (Recife, 2 de fevereiro de 1959) descobriu a música: das composições de Bach e Chopin às brasilidades de Jackson do Pandeiro, Gilberto Gil e Dorival Caymmi. Na adolescência, chegou ao rock inglês de The Police e Led Zeppelin. • Violonista autodidata, deixou o Recife e o curso superior para viver no Rio de Janeiro. Em 1981, disputou o festival MPB-Shell com a música “Prova de Fogo” e iniciou colaborações com outros artistas. • O álbum de estreia de Lenine, Baque Solto, foi lançado em 1983 e marca o início de uma bem-sucedida parceria com Lula Queiroga. • Dez anos separam a estreia de Lenine para Olho de Peixe, álbum com o percussionista Marcos Suzano que deu impulso à carreira internacional do pernambucano – o trabalho teve grande êxito comercial no Japão. • A premiada discografia de Lenine inclui alguns dos álbuns essenciais da MPB dos anos 90, como O Dia Em Que Faremos Contato (1997), do sucesso “Hoje Eu Quero Sair Só”, e Na Pressão (1999), do hit “Paciência”. • Foram quase 20 anos de carreira com poesias suingadas até Lenine ganhar o primeiro prêmio GRAMMY Latino por Falange Canibal (2002), que traz músicas como “O Silêncio das Estrelas” e “Lavadeira do Rio”. O músico seria laureado na mesma categoria – Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro – por Lenine in Cité (2004) e Acústico MTV (2006). • O que faz de Lenine um cantor e compositor único é a curiosidade e capacidade de se adaptar. Produtivo, o artista gravou trilhas sonoras para espetáculos de dança do premiado Grupo Corpo – que se tornaram os álbuns Breu (2007) e Triz (2013) – e criou álbuns conceituais, caso de Chão, com elementos da música concreta.