As características que tornam o Guns N’ Roses um grupo tão polêmico são as mesmas que o deixam tão cativante: as brigas públicas, as explosões de fúria e a decadência escandalosa. Afinal, os roqueiros abraçaram fervorosamente a fusão de hard rock dos anos 70, heavy metal e punk, capturada em Appetite for Destruction (1987), álbum de estreia da banda que exalava o perigo e a crueza a anos-luz de distância do metal farofa da época. “Welcome to the Jungle” pode ser a melhor faixa que existe para tocar air guitar, mas também é um recado raivoso vindo dos becos decadentes do sonho americano. Até mesmo “Sweet Child O’ Mine”, uma balada inicialmente otimista, termina afogada nas próprias dúvidas do vocalista Axl Rose. Era previsível que a fama global se provasse tumultuosa para um grupo que vivia rapidamente e surfava na onda da controvérsia e do tumulto. Mesmo assim, o GNR só ficou mais ambicioso. Enquanto o guitarrista Slash ainda despejava muitos riffs insanos em Use Your Illusion I e II, de 1991, o destaque dos álbuns era o psicodrama épico “November Rain”, faixa que refletia o amor de Rose pela grandiosidade do Queen. Um novo álbum de músicas inéditas só surgiria em 2008 com Chinese Democracy. Mas a banda, na época, já havia virado um projeto solo do cantor e tomado os rumos do rock industrial. Em 2016, quando todos tinham perdido a esperança na reunião dos membros originais, Slash e o baixista Duff McKagan chocaram os fãs ao anunciarem o retorno à banda. Além de liderarem o Festival de Coachella, na Califórnia, eles embarcaram em uma turnê mundial que se tornou uma das mais lucrativas da década, fato que confirmou o legado do Guns N’ Roses como um das bandas mais populares – e briguentas – da história do rock.