Cantora, compositora, multi-instrumentista e também atriz, a paraibana Elba Ramalho é um dos nomes mais marcantes da cultura nordestina, já que se aventurou, por toda a carreira, por diversos ritmos tradicionais da região, como xote, baião e forró. • Elba Maria Nunes Ramalho nasceu em 1951 na zona rural de Conceição, no Vale do Piancó, na Paraíba. Em 1962, mudou-se com a família para Campina Grande, onde o pai tornou-se dono do teatro local. • Foi inspirada no pai, músico amador, que Elba se interessou pela arte ainda na adolescência. Aos 17 anos, participou de corais e destacou-se ao apresentar montagens poéticas de autores como Castro Alves e Thiago de Mello. Ela chegou a viajar para diversas cidades nordestinas se apresentando. Em 1968, formou o conjunto As Brasas, do qual era baterista, enquanto cursava a faculdade de economia e sociologia na Universidade Federal da Paraíba. • Seis anos depois, Elba se mudou para o Rio atrás de melhores oportunidades profissionais. Naquele ano, se apresentou como crooner na cidade e participou da peça Viva o Cordão Encarnado, montagem de Luís Mendonça, pela qual foi aclamada pela crítica. Estabeleceu-se na cidade definitivamente, onde seguiu se dedicando ao ofício de atriz teatral, com papéis sempre ligados à música. • Atuou no filme Morte e Vida Severina, inspirado na obra homônima de João Cabral de Melo Neto, em 1977, e integrou o elenco da peça Ópera do Malandro no ano seguinte. Essa participação de Elba no espetáculo de Chico Buarque impulsionou sua carreira de atriz e cantora. Ela passou a investir nos seus dons de vocalista e gravou seu primeiro álbum, Ave de Prata, em 1979, com faixas como “Canta Coração” e “Não Sonho Mais”, esta última composta por Chico Buarque. O álbum contou com as participações especiais de Dominguinhos, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Novelli, Vinícius Cantuária, Sivuca, Robertinho de Recife, Nivaldo Ornelas e Jackson do Pandeiro. • Em 1980, chegou às lojas seu segundo álbum, Capim do Vale, que apresentava um repertório regional, com destaque para a faixa-título e as músicas “Banquete dos Signos” e “Porto da Saudade”. No ano seguinte, a cantora lançou Elba e se apresentou no Festival de Montreux, na Suíça, na já tradicional noite brasileira. Em 1982, ganhou seu primeiro disco de ouro com Alegria, graças a sucessos como “Bate Coração” e “Amor com Café”. • Em 1983, foi a vez de Coração Brasileiro, trabalho que consagrou Elba como uma das grandes cantoras de sua geração. O álbum conta com os sucessos “Banho de Cheiro” e “Toque de Fole”, com participação especial dos sanfoneiros Sivuca, Severo e Zé Américo. • Foi em 1985 que um dos grandes hits da sua carreira, “De Volta Pro Aconchego”, explodiu. Ainda nos anos 1980, depois de uma turnê por Cuba, acrescentou elementos caribenhos às músicas – como nas faixas “Como se Fosse a Primavera” e “No Caminho de Cuba”, ambas de Fogo na Mistura (1985). • Remexer, de 1986, trouxe elementos de lambada, que logo depois viraria febre no país. Em 1991, Elba lançou Felicidade Urgente, álbum produzido por Nelson Motta e com participação especial de Lulu Santos na faixa “Vida”. No mesmo ano, saiu a coletânea O Grande Forró de Elba Ramalho, que trouxe duas faixas inéditas, “Chegadinho” e “Eu Quero Meu Amor”, trilha sonora da novela Renascer, da Globo. • O elogiado Leão do Norte foi lançado em 1996 e, no mesmo ano, a cantora saiu em turnê ao lado de Alceu Valença, Zé Ramalho e Geraldo Azevedo com o espetáculo O Grande Encontro, outro sucesso marcante de sua trajetória. • Em 1999, Elba comemorou 20 anos de carreira com Solar, álbum duplo gravado ao vivo. Na virada do milênio, a cantora seguiu produzindo em ritmo acelerado e sempre em boa companhia. Em 2001, lançou Cirandeira com as participações especiais de Lenine, Geraldo Azevedo e Zeca Baleiro. No ano seguinte, homenageou o rei do baião Luís Gonzaga com Elba canta Luís. Em 2005 foi a vez de firmar parceria com Dominguinhos em Baião de Dois. • O álbum Balaio de Amor, de baladas românticas, saiu em 2009, mesmo ano em que álbuns da cantora dos anos 1980 que estavam fora de catálogo foram relançados. Elba chegou à década seguinte com vigor renovado, acrescentando novas histórias à sua já generosa discografia – com álbuns como Eu Sou o Caminho (2017), Festa (2021), com Fagner, e o registro ao vivo No Maior São João do Mundo (2022) – e reverenciando a música nordestina que a consagrou.