Para Todos os Garotos que já Mamei

Para Todos os Garotos que já Mamei

Nascida e criada na Cidade Alta, comunidade do Rio de Janeiro, a cantora e compositora N.I.N.A traz as vivências na periferia para o centro de sua narrativa. O segundo álbum da artista é inspirado na trilogia juvenil Para Todos os Garotos que Já Amei, da escritora norte-americana de origem coreana Jenny Han, que foi adaptada para o cinema. “O título [do álbum] Para Todos os Garotos que Já Mamei é uma brincadeira. Eu sou obcecada pelos livros. Adoro a estética colegial dos anos 2000 – a capa também tem a ver com a série. Adaptei-a à perspectiva social da minha vivência de ‘cria’ da favela. Apesar de ser conhecida como preta, braba e forte, no fundo, ainda sou uma menininha. Queria falar sobre amor para o público jovem de um jeito versátil e divertido”, explica N.I.N.A ao Apple Music. Repleto de jogos de palavras velozes, arbitrado por vertentes do hip-hop e da música eletrônica – como grime e drill –, o álbum apresenta convidados relevantes da cena atual, como Mc Luanna, Baco Exu do Blues, Thiago Pantaleão e Sant. “A maioria dos convidados é homem, queria que eles falassem de sentimentos que normalmente não expõem”, diz a artista. A seguir, N.I.N.A conta como desenhou as composições do álbum. Faz Assim “Resume o começo da relação com o meu namorado [o MC e produtor Vitin]. Eu quis trazer uma sonoridade com um ar melódico de romance, em contraponto a uma fala erótica e explícita. A música tem uma narrativa bem direta, você entende a história ao ouvir.” Ferve “É envolvente. O beat e as vozes expressam a euforia que muitas meninas sentem depois de dormir pela primeira vez com um cara de que elas gostam. A lírica é baseada em muitas referências. Quando eu canto ‘você suspira e eu te devoro’, por exemplo, lembra Djavan. É sobre aquele sentimento gigante de ‘querer mais’ que só as mulheres entendem.” Prece “Retrata as dúvidas que aparecem em um relacionamento, do tipo ‘será que estou com a pessoa certa?’. Às vezes a gente revive mágoas de relações anteriores. Baco [Exu do Blues] captou a mensagem quando fez a parte dele: ‘Não esqueça do seu tamanho/ Não perca tempo com gente inútil/ Olha ao redor toda essa gente fútil/ Teu passado é triste/ Melhor esquecer’. Fala sobre deixar bagagens para trás, olhar para o agora e entender que tem um cara especial. E que você é gigante e incomparável.” Despedidas “É a continuação de ‘Culpa’, faixa do meu primeiro álbum [PELE, de 2022], e fala sobre a turbulência do fim de uma relação. Aquele sentimento confuso de querer e não querer. É um diálogo com o Sant. Eu canto: ‘Buscando maneiras de seguir a minha vida/ Percorro estradas te caçando em cada esquina/ Tento te odiar, mas no fim amo mais ainda’. E na sonoridade eu quis transmitir a sensação do sofrimento romântico, por isso a linha de cordas que entra junto com o beat. Ficou um clima de novela mexicana.” Karma “Como todas as músicas do álbum, esta também tem referências do enredo da personagem Lara Jean [da trilogia Para Todos os Garotos que Já Amei] com a melhor amiga de infância dela. Elas discutem sobre o personagem Peter [Kavinsky], um cara que as duas namoraram em períodos diferentes. Em ‘Karma’, eu sou a Lara Jean, e a Mc Luanna é a melhor amiga. A estética da música é explícita e densa.” Porrada de Balinha “Tem um momento da trilogia em que a Lara acha que o namorado a está traindo. Depois disso, ela fica com o melhor amigo de infância dele. Tem a ver com esse embate. Eu canto: ‘Confesso, amor/ Do joguinho eu tô cansada/ Chegou a sua hora de pagar o preço’. O nome da música faz referência à substância sintética, algo que deixa a pessoa louca, desnorteada. E o Thiago Pantaleão entrou com tudo, tanto no vocal quanto na lírica.” Teve uma Garota “Há tempos que eu queria falar sobre o amor incondicional que sinto por Iemanjá, Maria Padilha (a minha entidade) e pela minha mãe. Eu quis trazer isso de forma subjetiva, sem expor a religião que muitas vezes é demonizada. É sobre o amor leve que traz paz. E toda a construção dela foi baseada em coisas que eu ouvia na infância com a minha mãe. Foi uma forma de valorizar os meus maiores amores, as mulheres mais importantes da minha vida.”

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