Onde?

Onde?

Fran e Chico Chico lançam Onde?, álbum gravado durante o período de isolamento provocado pela pandemia do coronavírus. “O encontro foi um presente que a gente ganhou nesta quarentena, porque a gente não se conhecia antes”, diz Fran em conversa com o Apple Music. “Por uma obra do destino, acabamos nos juntando. Inicialmente, faríamos apenas um encontro on-line, para cantar uma música, naquele período em que todo mundo fazia live.” Assim, essa amizade virtual levou a um encontro que culminou na necessidade de buscar um ponto em comum entre os dois músicos por meio da obra de outros artistas. “Falamos muito de Itamar Assumpção, que foi um grande incentivo para investigarmos esse encontro nas músicas.” O que começou como um projeto pontual acabou se transformando na vontade de perpetuar o encontro em um álbum, afinal os dois já contam com uma presença musical importante na própria família: Fran é neto de Gilberto Gil, e Chico Chico, filho de Cássia Eller. Os dois buscaram esse lugar comum entre eles e o encontraram nas regravações de músicas. “Era uma época em que estavam passando reprises da Copa do Mundo de 70 na TV, e as pessoas estavam revivendo as coisas. Foi assim que decidimos.” Segundo Fran, foram tardes e tardes ouvindo álbuns, descobrindo referências e entendendo o interesse que estava sendo criado por revisitar músicas antigas. Desta forma, surgiu Onde?. “O título é uma brincadeira com o negócio do tempo e espaço que estamos distorcendo. Trazemos músicas da década de 70 e 80 que reverberam até hoje e que ganham até mais sentido”, explica. Em meio às músicas de outros artistas a dupla também gravou uma faixa autoral. “Tínhamos seis músicas, mas também tínhamos vontade de escrever algo que, de certo modo, habitasse também o mesmo universo do qual falávamos”, conta Fran sobre a produção de “Ninguém”. A faixa propõe “uma introspecção para dentro de nós mesmos, ainda mais em um período tão difícil como o do isolamento”. “A gente está revisitando músicas e também trazendo uma composição nossa, que está aí embolada com essas faixas [que estavam] perdidas no tempo.” Pensar no futuro não é algo que Fran queira fazer tão cedo, afinal “plano é algo que está difícil de fazer, mas meu maior sonho é poder voltar ao palco, com segurança acima de tudo”, conclui. Abaixo, Fran dá detalhes sobre cada uma das sete faixas de Onde?. Árvore “Fala sobre raízes, sobre essa potência matriarcal que a gente tem por estarmos vivos nesta terra. Ela tem um peso muito grande. E é bonito quando ela fala de mãe, tem um peso muito específico para cada um de nós, principalmente para mim e para o Chico, que temos uma relação com essa coisa da maternidade bem específica com a nossa música. Então a gente abre com uma música do Edson Gomes, que tem todo um peso e uma verdade por trás. Quando a gente entendeu que ela tinha que estar no álbum, ela veio com um sentido e um sentimento muito grande para nós, justamente pela abordagem dela, que fala precisamente sobre esse andar pela terra, e uma consciência da importância das nossas raízes, daquilo que antecede a gente, que forma a gente, e faz um sentido enorme para nós ela estar no álbum.” Dona Maria de Lourdes “É uma faixa do Sergio Sampaio que é um artista que, em termos de profundidade, faz músicas de maneira fascinante, e ‘Dona Maria de Lourdes’ fala sobre os automóveis, e é uma coisa que a gente naturalmente já conecta com essa coisa virtual de hoje em dia. Ela fala ‘os automóveis são livres e agora é preciso coragem’. É muito o que a gente está vivendo hoje, e os automóveis são exatamente isso: a possiblidade de ser móvel, e as coisas estão se movendo ao nosso redor. E é uma faixa densa, fala de um sentimento que, ao mesmo tempo é de tristeza e de libertação. Ela veio para trazer um sentido, muito grande naquele momento de quarentena, de introspecção. É uma das minhas favoritas do álbum por ter escutado muito. E é muito bom termos uma música do Sergio Sampaio neste álbum.” Nega Música “’Nega Música’ foi o ponto de partida para todo o álbum. Esse ponto de contato e de interseção se deu por meio de Itamar Assumpção. Fizemos [eu e Chico Chico] uma conversa on-line e falamos: ‘Itamar!’, e eu falei: ‘Nega Música’, e percebemos que era isso. Nos nossos primeiros encontros já começamos a ouvir os álbuns do Itamar.” Isso Não Vai Ficar Assim “Essa também é do Itamar Assumpção, que faz um sentindo enorme. Ela tem uma coisa vívida na poesia dela, que diz que as coisas não vão ficar assim, vão mudar... Então é uma música que pega tudo o que estamos vivendo e leva para o lado mais subjetivo, transcendental, em termos de poesia. E aí ela volta, na hora do refrão, para a coisa do ‘beije-me’, do contato, da troca. E é mais uma faixa que reafirma tudo o que estamos trazendo no álbum.” Veleiro Azul “A quinta faixa é de Luiz Melodia e, talvez, seja a música que a gente regravou, que já tenha outras regravações, mas nós ouvíamos e gostávamos muito. E o Chico ouvia, e ele tinha tanta verdade, ele me instigou tanto, que ela entrou como um bálsamo no álbum. Um momento em que essa profundidade, essa coisa se deixa levar pela beleza das músicas do Luiz. E a gente se entrega, a gente está cantando e se divertindo. As gravações foram divertidas, a gente dava risada, e aí, neste momento de despretensão, a gente cola na próxima faixa.” Ninguém “Esta é a nossa música, que fizemos um dia antes de irmos para o estúdio. É uma música minha e letra minha e do Chico, que eu levei para o nosso encontro para conversarmos sobre o álbum em geral e para ver como fazê-la, porque queríamos muito, sentimos que precisávamos de uma composição nossa para solidificar e trazer uma verdade. Pegar tudo aquilo que a gente investigou e transformar em música, então ‘Ninguém’ foi escrita durante esse período e fala dessa coisa de a gente se voltar para dentro de nós mesmos, todo mundo em casa, e nós, que somos artistas, fazendo música e não tendo a possibilidade de levar a nossa criação para o mundo. É a valorização da introspecção e da solidão, mas em um sentido mais rico da palavra. E é justamente isso: ninguém. Porque quando estamos sozinhos, não temos filtros com nós mesmos.” Procissão “Essa é uma música do meu avô, que ele lançou no primeiro compacto dele, e é mais uma vez, a gente brincando com essa coisa do tempo e trazendo algo ligado a essa coisa das raízes e da valorização de que a gente faz tudo que nos forma como seres humanos, como admiradores dessa contemplação da vida. E ‘Procissão’ fala justamente de um sertão, de um nordeste, que é vivido com esse sofrimento que se conecta com as questões políticas e sociais que a gente vive hoje, então também é um manifesto social. O álbum também tem esse propósito de ser um grito de algo que vem de dentro da gente.”

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