Diversas estrelas porto-riquenhas usam a música para expressar amor e orgulho por sua ilha nativa, mas poucas fazem isso com tanto vigor e intensidade quanto Bad Bunny. O artista de Vega Baja assina uma série de músicas sobre sua terra natal – de hinos nacionais não oficiais como “Estamos Bien” e “El Apagón” a faixas poderosas como “ACHO PR”, em parceria com os astros veteranos do reggaeton Arcángel, De La Ghetto e Ñengo Flow. Mais recentemente, Bunny direcionou suas paixões e preocupações sobre Porto Rico com ainda mais determinação, expressas em detalhes vívidos no single “Una Velita”, de 2024, e em seu sexto álbum de estúdio, DeBÍ TiRAR MáS FOToS (2025), no qual a ilha tem ainda mais protagonismo na obra do cantor, com a celebração de diferentes estilos musicais do seu legado. Enquanto nadie sabe lo que va a pasar mañana, de 2023, validou o passado de Bunny no trap – com uma releitura mais moderna da sonoridade do início da sua carreira, nos anos 2010 –, DeBÍ TiRAR MáS FOToS se distancia do hip-hop, demonstrando a aparente aversão do cantor em se repetir álbum após álbum. Agora, a house music se transforma em plena na faixa “EL CLúB” – e este último gênero ressurge mais tarde em excelente forma em “CAFé CON RON”, parceria com Los Pleneros de la Cresta. Condizente com seu título, “VOY A LLeVARTE PA PR” se esparrama sobre um reggaeton com vibes de perreo, caso também de “KETU TeCRÉ” e “EoO”. A ousada salsa de “BAILE INoLVIDABLE” parece prestar homenagem a obras fundamentais do catálogo da célebre gravadora Fania, de artistas como Willie Colón e Héctor Lavoe – com traços da interação instrumental de “Juanito Alimaña” e uma coda irresistível que evoca “Periódico de Ayer”, clássicos antigos. Para além dos estilos musicais, temáticas políticas e pessoais se mesclam ao longo do álbum, como a melancolia de ano-novo que paira sobre a faixa “PIToRRO DE COCO” e a ferida metafórica que se mantém aberta após a comovente “TURiSTA”. Como de costume, Bad Bunny se mostra um excelente e inventivo colaborador, conectando-se, principalmente, com artistas porto-riquenhos – e muito mais do que como um mero gesto simbólico. O grupo indie Chuwi se une ao cantor na vibrante “WELTiTA”, na qual os membros da banda oferecem vocais melódicos que complementam e potencializam os de Bunny. Já Dei V e Omar Courtz, nativos de Carolina, formam um belo trio com o cantor no dancehall retrofuturista de “VeLDÁ”, e RaiNao capricha como parceira de dueto em “PERFuMITO NUEVO”.