Dacoromode

Dacoromode

Matheus Araújo dos Santos morava na rua da Coronel, no Morro do Limão, em Cabo Frio (RJ), quando começou a participar de batalhas de rima aos 16 anos. Vem daí o nome artístico do rapper Tz da Coronel, que apresenta o seu segundo álbum, Dacoromode (2023). “A realidade da periferia é feita de muita dor, como se fosse a fase mais difícil de um jogo. Com esse modo ‘da Coro’ de viver, eu quis inventar um jeito de resistir e motivar outras pessoas”, explica o artista ao Apple Music. O projeto do cantor combina gêneros como drill, música eletrônica, afrobeat, funk e rap, além de subgêneros do trap. “Não gosto muito de rótulos. Eu quero ser a música. Eu quero ser a arte”, revela. Dacoromode, o primeiro álbum lançado pelo seu selo Cúpula, criado em 2023, traz convidados como Djonga, MC Cabelinho, MC Ryan SP e meLLo, entre outros. “Eu criei um selo para ter mais liberdade e para poder impulsionar outros ‘crias’ [da periferia] como eu. O álbum ficou extenso [23 faixas] justamente para provar que eu tenho muito a dizer. Ninguém pode colocar limites no nosso pensamento nem nos nossos sonhos”, diz. Dj Alle da Coro, seu parceiro de longa data, é o produtor da maioria das músicas de Dacoromode. “Eu estava descansando antes de um show e ouvi o Da Coro fazendo um som. Pensei: ‘Nossa, esse beat é brabo!’ Peguei o microfone e já saí rimando. É sempre assim, eu faço as rimas na hora e depois vou lapidando”, explica. A produção independente deu mais liberdade para o rapper experimentar, como em “Nota Dó”, em que ele brinca com a desilusão amorosa de um amigo alternando batidas de afrobeat com levadas de funk e registros de violão. “O cara chegou pra geral e disse: ‘Tô boladão! Brigo demais com a minha mina!’. E aí alguém perguntou: ‘Mas você ainda sente alguma coisa por ela?’. E ele respondeu: ‘Sinto mesmo. Sinto dó!’. Então eu fiz a rima a partir disso. Como eu estava em São Paulo, convidei o Kawe e Vulgo FK para entrarem na música. Quem fez o beat foi o DJ DUBOM.” O rapper homenageia a cantora e compositora mato-grossense Vanessa da Mata em “Boa Sorte Mesmo”. “Eu escutava ‘Boa Sorte’ [sucesso da cantora de 2007] com a minha mãe, quando era muito pequeno. E a Vanessa da Mata se amarrou na nossa versão. Quando a gente fez, eu estava ouvindo muito drill da gringa, e a ideia de pegar uma música antiga e rimar em cima surgiu dessas referências de fora do Brasil”, diz ele. Tz da Coronel expõe seus sentimentos – e revela um novo talento – em “Alma”, que encerra o álbum. “Eu fiz a letra há bastante tempo, foi escrita durante a minha transição, quando comecei a ficar famoso. Eu chamei o Ariel Donato para produzir, e a gente decidiu que ela ficaria mais orgânica. Então, diferentemente das demais músicas, a guitarra e o piano são tocados de verdade. Eu aprendi a tocar teclado só por causa dessa música, fiz muitas aulas e levei a sério. Valeu a pena.”

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