Aquário

Aquário

SPVIC, Spinardi e Pedro Qualy estão em outra fase. Mais amadurecidos e com 13 anos de estrada, os integrantes do Haikaiss deixam isso bem claro nas letras de Aquário, sexto álbum de estúdio do grupo e o primeiro realizado por uma grande gravadora. “Por ser o primeiro trabalho gravado pela Som Livre a gente queria fazer algo mais grandioso. Não deixamos de trabalhar com as pessoas que trabalhávamos antes, como o André Nine, o VG, o Blood também, que é de Santos, alguns dos beatmakers que estão neste álbum”, explica SPVIC ao Apple Music. “Queríamos dar um passo grande, mas sem perder a raiz e a personalidade do Haikaiss, essa nossa proximidade maior com o boom bap, com a golden era, de não seguir o que todo o meio espera. A gente queria trazer no Aquário algo que fosse mais íntimo, voltado às origens do Haikaiss.” SPVIC conta que todos estão numa fase “bem mais adulta” agora. Ele é pai de uma menina de 2 anos, Spinardi tem uma filha que vai fazer 4 e Qualy tem duas filhas. “A gente está numa fase familiar bem mais madura. A faixa ‘Guerra’, que abre o álbum, aborda isso: por mais que todo mundo queira passar que vive uma vida perfeita, a gente, como qualquer outro ser humano, tem diversos problemas da vida adulta”, conta. Além de momentos bem íntimos, com os quais os fãs já estão acostumados, o álbum também traz um lado mais comercial. “Sabemos que temos que saber trabalhar o lado popular, tem que saber trabalhar o lado comercial, mas, principalmente, não perder a nossa essência. Vários artistas conseguem trabalhar dessa forma, então a gente quer ter esse mesmo pensamento”, revela SPVIC, que completa: “Este vai ser o lançamento da nossa vida”. Abaixo, SPVIC comenta cada uma das faixas de Aquário, álbum que conta com participações especiais de Vitão, Kant, Projota, MC Pedrinho e Ferrugem: Guerra “A faixa ‘Guerra’ foi produzida por Eduardo Biasi, que também é um amigo nosso de longa data. A gente a escolheu para ser a primeira faixa porque queríamos mostrar isso, que o álbum ia abordar a vida por trás das cortinas e tirar as máscaras. Basicamente o som conversa sobre isso, que a gente prega a paz, mas a vida é uma guerra. A gente queria que todo mundo se enxergasse no contexto desse som.” Viveiro “A gente quis esta música como a segunda faixa por trazer essa coisa do boom bap, é um ‘boombapzão’ bem anos 90, produção do Blood. Falamos sobre esse lance de viver numa prisão criada por nós mesmos e ter essa ilusão de ser livre. É o mesmo contexto de ‘Guerra’, essa coisa entre o positivo e negativo. O refrão é: ‘Liberdade por inteiro, livre como pássaros dentro do viveiro, livre igual caneta de funkeiro, sequestrador tratou ‘nóis’ bem e ‘nóis’ nem lembrou que é cativeiro’. Também traz o sentido da vida, de você se sentir falsamente livre.” Cinzeiro de Vidro “No começo do álbum a gente queria continuar boom bap. Ela é basicamente sobre um relacionamento que, de tão intenso, se desfez. A ideia partiu do Qualy, ele que criou essa, e ela fala justamente disto, que o relacionamento, de tão quente, se quebrou como um cinzeiro de vidro. Inclusive, até no sentido da ansiedade experienciada por um fumante, já que tanto o Qualy quanto o Spinardi fumam, tem esse lance de uma ansiedade similar ao do fumante no relacionamento também.” Gata (Vitão) “‘Gata’ já entra nesse lance de a gente querer fazer uma música puxando mais pro R&B, trazendo essa cor mais azul, mas como se fosse uma música mais pop. O convite para o Vitão rolou depois. Somos amigos há bastante tempo, e somos fãs dele. Então acabou rolando naturalmente o convite. É como se fosse assim… Toda mulher que você conhece e se precipita ao ponto de querer casar, dar tudo, é meio que o olhar de um amor à primeira vista. Basicamente, tanto eu quanto o Qualy fazemos o papel de um storyteller, contando a história num esquema plano-sequência. Ela é sobre isto, que a gente se apaixona fácilmente.” Aquário “‘Aquário’ praticamente resume o álbum todo, porque a gente queria mostrar essa transição da era de peixes para a era de aquário, que por coincidência, estamos vivendo justamente isso agora. O principal é que nem é uma mudança de era, mas uma era de mudança, na qual todo o mundo vai ter que mudar. Ela ilustra perfeitamente o que a gente está vivendo hoje em dia. No refrão a gente fala disso, que a gente não quer ter só fé, que a gente não quer só ser feliz, a gente quer ver o povo vencer. Falamos muito sobre uma parte política, de vida também. Sobre o que é ser brasileiro, o que é estar num país de terceiro mundo, o que é o Brasil frente ao mundo. Obviamente que esses são fragmentos que aparecem conforme você vai ouvindo a letra, a gente fez uma faixa curta para as pessoas darem mais atenção ao álbum.” Má-Temática “Foi o primeiro single que a gente lançou. ‘Má-Temática’ é um lo-fi, o primeiro lo-fi que o Haikaiss fez. A gente não queria trazer somente o boom bap, queria trazer um leque amplo de possibilidades e tem esse lance que queríamos canetar pesado, da música sair inteligente mesmo. Ela foi criação do Qualy, ele que puxou esse bonde. A gente escreveu quando estava em turnê pela Europa no ano passado, então já faz parte das músicas que escrevemos todos juntos, no mesmo espírito. Ela é isto, falando de relacionamento conturbado de uma forma inteligente.” Gangorra “‘Gangorra’ é o mesmo lance de ‘Viveiro’. A gente quis trazer esse lance bem agressivo do boom bap, e o sample faz referência ao Recayd Mob. Quem produziu foi o Skeeter, ele fez essa coisa de todo mundo achar que ia começar um trap, que é ‘Plaqtudum’, música mais famosa deles [Recayd Mob]. Mas então ela vira um boom bap. Ela tem este espírito, de parecer ser uma coisa e se tornar outra. O nome ‘Gangorra’ vem desse lance de um dia você estar em cima, e no outro embaixo.” Incomunicável “Esta foi produzida por Eduardo Biasi, Nox e André Nine. Era um projeto antigo que a gente estava para fazer com o Kant. O Spinardi e o Kant são amigos há mais tempo. Vai ser o single principal do álbum, estamos apostando bastante nesta música. Ela surgiu da mesma ideia da ‘Rap Lord’, fazer uma música de superação. A gente é muito fã do Kant, moleque espetacular. Quem puxou o bonde desta música foi o Spinardi.” Tirem As Crianças da Sala “Esta carrega um lance do Spinardi, trazendo à tona a personalidade dele, que é agressiva, mas ao mesmo tempo engraçada. Ele quis fazer uma música que fosse um tanto polêmica, digamos assim. É um boom bap com produção do Souza Beats, se eu não me engano. É uma faixa em que falamos sobre machismo, sobre rap, e sobrevivência. É uma música para tirar as crianças da sala, é um tanto, censurável, digamos.” Pra Te Convencer “Ela é produção do Wesley Camilo. A gente conheceu o Projota quando lançamos o nosso primeiro album, Incognito Orchestra, em 2010. Ele já era famoso, era como se já estivesse no começo do auge, e a gente ainda não era nada, estávamos apenas começando a carreira. Ele deu a maior força, tocou com a gente no evento e tal. Ficamos amigos e falamos: ‘Pô, vamos fazer mais músicas juntos’. Ele nos convidou para o DVD dele, no qual a gente fez o clipe da música ‘Pique Pablo’. Aí a gente falou: ‘Pô, você vai participar do nosso álbum’. E rolou ‘Pra Te Convencer’. Ela tem o mesmo lance de ‘Gata’, a gente queria fazer uma música R&B, estilo mais raiz, porém com uma pegada popular. É uma música mais simples, por assim dizer, não é em toda música que queremos ser intelectuais [risos].” Perrier “Produção do VG com o Nox. Não consigo nem definir se a ideia era fazer um trap. ‘Perrier’ é diferente, ela se destacou para todo mundo que viu o álbum. Foi um refrão que escrevi, que nasceu no freestyle e todo mundo curtiu, então decidimos, ‘pô, vamos fazer’. Eu que nomeei ‘Perrier’ também, queria trazer este lance de falar sobre um assunto sério, mas de uma forma leve, brincalhona. Era uma música que a gente não sabia se ia chamar participação ou não, ficamos nessa coisa: ‘Pô, chama o Matuê, chama o Matuê’. Porque o Nox, que é o produtor dela, também é DJ e produtor do Matuê. Mas acabou que ficou só o Haikaiss mesmo.” Outra Vez “Outra vez quem puxou o bonde foi o Spinardi, ele já é parceiro do MC Pedrinho há algum tempo. Queria fazer uma música mais no estilo de J. Cole, com um lance mais introspectivo, mas ao mesmo tempo pop. Não sei explicar, gostei deste som. Quando o Spinardi chegou com a ideia, eu curti. O MC Pedrinho traz essa pegada da rua, mais popular também. Ele é parceiro, era um cara com quem a gente também queria trabalhar.” Quem É Você? “Esta é foda demais, foi a primeira vez que a gente trabalhou com o Dogz, um trio de produtores lá do Rio, que já trabalha com a IZA, Anitta e Pabllo Vittar. Os caras são muito, muito fodas. Ela entra nesta onda de fazer músicas mais populares. Quem nos ajudou a criá-la foi o NeoBeats, tanto a letra quanto o beat. A primeira versão dela saiu com um beat do Neo. Ele tinha feito a letra também, em espanhol. Foi então que o Spinardi nos apresentou a a versão em português, e fizemos a música com o Dogz. Não sei se é um reggaeton, mas a gente queria trabalhar num estilo novo.” Supersticiosa “A primeira vez que encontrei o Ferrugem foi há uns dois anos atrás, no Faustão, lá na Globo. Rolou esse lance, vamos fazer uma música juntos. Ficamos nessa ele comentava nas fotos e eu também, ‘vamos fazer’. Tinha mandando ‘Gata’ para ele primeiro, ele achou foda e ia escrever, só que então o Qualy mandou a ‘Supersticiosa’. Ele achou ainda mais foda e falou: ‘Putz, vou fazer nesta então’. Ele escreveu para Thais, que é a mulher dele. Eu escrevi e puxei esse bonde, pois já estava querendo há algum tempo criar uma música mais lenta, mais boogie naipe, digamos assim. O beat é do VG, que particularmente é meu beatmaker preferido, acho ele muito foda. Calhou muito bem, era uma música que eu queria fazer em homenagem às mulheres. Eu venho falando de várias qualidades das mulheres. Foi uma música que surgiu naturalmente. Todos nós somos muito fãs do Ferrugem. Ele é um anjo.” Salva Vidas “‘Salva Vidas’ foi a música que achei mais foda do álbum, pois cada um de nós colocou o ali o seu âmago, foi uma coisa bem íntima. Como falei, escrevemos todos juntos. Ela fala sobre a nossa vontade de querer salvar vidas por meio da arte, usando a música como uma medicina mesmo. Cada um aborda do seu jeito. O Spinardi aborda traumas dele, ele quis ser mais íntimo ainda, falando até sobre coisas pessoais e de como o Qualy o ajudou. Tem um lance todo pessoal nela, mas mostrando que queremos ser salva-vidas assim como o rap que salva vidas.”

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