Ana

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Ana Gabriela é um dos fenômenos recentes da nova geração da MPB. Com milhões de fãs nas redes sociais, singles e EPs lançados, a cantora paulista finalmente realiza o sonho de gravar seu primeiro álbum, Ana, um disco que mostra a evolução dela como compositora, trazendo um clima de saudade, e conta com a participação especial da banda Melim (“Não te Largo, Não te Troco”) e Francisco Gil (“Vem Cá”). “Este disco, acho que ele se encaixou muito bem no momento pelo qual a gente tá passando, porque tá realmente todo mundo com muita saudade de absolutamente tudo. Saudade de sair, saudade de ver os amigos, saudade de ver namorada, namorado… enfim, este disco se encaixou muito nisso”, conta Ana Gabriela ao Apple Music. Ela se considera uma pessoa sentimental, que gosta de escrever não só sobre suas experiências, mas acha inspiração em vivências com amigos e séries de TV. “Eu escrevi este álbum ano passado inteiro, então também era um outro momento que estava vivendo, mas acho que as pessoas vão entender o que estou querendo dizer.” Antes de chegar a Ana, Ana Gabriela tinha como maiores hits uma versão de “Céu Azul”, do Charlie Brown Jr., “Deixa”, parceria com a banda Lagum, “Sabe”, e uma série de singles e EPs lançados. “Lancei um EP [(nó)s] no começo deste ano, com quatro faixas, só que este álbum está sendo a minha maior realização, com o maior número de músicas autorais que eu vou ter, são dez autorais e três músicas de amigos [‘Não te Largo, Não te Troco’, da banda Melim; ‘Teu Nome Imita o Mar’, de Ana Caetano, do duo Anavitória; e ‘Fique Mais’, de Lorena Chaves]. Então, estou bem feliz e ansiosa pra saber o que a galera vai achar”, comemora a cantora, que já está espantada com a repercussão do primeiro single do álbum, “X”. “Tô muito feliz, porque é uma música que escrevi sozinha, as músicas que lancei no EP, no começo do ano, elas foram composições minhas, mas com amigos. Essa música é totalmente minha e estou muito feliz porque a galera gostou.” Revelada na web Ana Gabriela é um verdadeiro símbolo da nova geração de artistas brasileiros revelados pela internet. Em 2015, ela postou um vídeo tocando “Pra Você Dar o Nome”, da banda 5 a Seco, e viralizou. “Fui reconhecida na rua, não tava entendendo nada que tava acontecendo. Depois disso, começaram a vir contatos de produtor, de gravadora, e aí chegou ao ponto em que comecei a fazer shows, mas sem nenhuma música autoral”, relembra a cantora. “Comecei a me cobrar um pouco sobre escrever, compor, porque sempre tive o sonho de lançar músicas próprias. Acabei lançando o meu primeiro EP, que se chama Do Quarto Pro Mundo (2017); eu tinha até um cabelão na época e ainda tava me descobrindo como artista, enfim, como pessoa. Acabei lançando esse EP e depois disso continuei fazendo shows e lançando singles.” Inspiração LGBTQ+ O estilo de cantar, sempre acompanhada do violão, e o ativismo dentro da comunidade LGBTQ+ renderam comparações com outras cantoras brasileiras como Cássia Eller e Maria Gadú. “Sempre escutei falar que meu som é meio que uma [mistura de] Cássia Eller com Ana Carolina e Maria Gadú. É uma mistura muito doida, só que muito boa, porque escuto as três e as tive como referência. Cássia era uma artista, e é uma artista, que minha mãe escuta muito, então sempre esteve muito presente na minha vida. Óbvio que cada um é cada um, eu nunca chegaria aos pés da Cássia Eller, até porque só vai existir uma Cássia Eller; ser comparada a ela é uma honra”, explica Ana Gabriela, que se orgulha de poder inspirar outras pessoas com sua música, assim como suas cantoras prediletas. “Tendo essa voz hoje em dia, com a qual eu posso falar pras pessoas e mostrar que elas não têm que ter medo, pra mim, é uma coisa muito valiosa, porque sempre prezei muito por isso e sempre procurei muitos artistas LGBTQ+ pra me inspirar. Hoje, ser uma inspiração pra essas pessoas é uma parada absurda, porque acho que é realmente o que vim fazer aqui na música.” Abaixo, Ana Gabriela comenta todas as faixas do seu álbum de estreia: X “‘X’, ou como as pessoas preferirem falar, ‘X’ ou ‘Ex’, é uma música que fiz sobre mulheres que passaram pela minha vida, por isso que ela tem esse nome. ‘X’ em inglês se fala ‘éks’, que é de ‘ex’. Nas estrofes, ela fala, ‘aí tá frio ou tá calor, ainda mora no interior’… eu nasci em São José dos Campos (SP) e, hoje em dia, moro em São Paulo, mas já me relacionei com muitas mulheres do interior, enfim, muitas mulheres que passaram pela minha vida e que foram importantes. Então esta música fala sobre isso. Não imaginava que ela fosse chegar aonde ela tá chegando, e a produção dela chegou a um nível absurdo, que eu também não estava esperando. Graças a Deus, este álbum foi produzido pelo Rafa [Ramos], que é da minha gravadora. Tô muito feliz com a produção [da música], tô muito feliz porque a galera gostou. A letra realmente foi muito sincera, sabe? A galera não tem esse costume de pensar em ex de uma forma boa, e nesta música eu quis trazer essa parada.” Vem Cá “‘Vem Cá’ é uma música que escrevi com meu amigo Deco Martins e com o Julinho, que são da banda Hotelo. A gente escreveu esta música no intuito de trazer meio que um axé, que talvez não esteja mais presente nas músicas de hoje. A gente pensou numa parada meio ‘Não Precisa Mudar’, da Ivete [Sangalo] com o Saulo [Fernandes], aquele axezinho gostoso, que a galera gosta de escutar, a gente escreveu a música nesse intuito. Ela encaixou muito bem [...] com o rolê que eu disse da quarentena, de sentir saudade e tal; ‘deixa a gente junto’, sendo que o mundo não tá deixando as pessoas ficarem juntas. Para esta música, desde o começo eu já pensei no Francisco Gil, que tem uma voz que toda vez que escuto fico arrepiada. Fui falar com ele, e ele foi totalmente incrível comigo, falou que supertopava. Escutei a música com ele, e [pensei], ‘cara, era exatamente esta voz que eu tava procurando pra a música’. Enfim, sou fanzaça dele, ele sabe disso, escuto muito ele, e Os Gilsons também… Enfim, nessa música também fiquei muito feliz com a produção; quem tocou guitarra foi o [Fernando] Caneca, que é um guitarrista que participou do Multishow ao Vivo com a Maria Gadú, e eu fiquei muito honrada de ele tá lá fazendo parte disso; pra mim foi muito importante; percebi que eu tô cada vez mais próxima das pessoas que admiro, sabe?” Acho Que Te Amo “Esta música é uma que tenho, que é muito antiga. Eu tava assistindo a uma série chamada ‘Gatunas’ e tem uma cena dessa série que o cara tá tentando conquistar a menina novamente e ele tem a parada de não falar que se amam, sendo que eles sabem que se amam. Eu peguei isso pra mim, porque as pessoas sabem o que estão sentindo, mas não querem falar e querem usar outras palavras para falar sobre isso. Escrevi esta música no intuito de ‘acho que te amo, sendo que eu sei que te amo’. Então esta música pra mim é muito importante, foi uma música que consegui escrever, que não foi uma situação por que passei, foi uma situação que vi, e a produção dela ficou incrível. Já tinha ela na minha cabeça e só melhorou com a produção no estúdio. Enfim, foi uma das primeiras músicas que escrevi e pensei, ‘cara, realmente acho que estou evoluindo na composição, sabe?’. Todo mundo para quem eu mostrava amava a música, então com certeza ela ia estar no disco.” Não Te Largo, Não Te Troco “Eu conheci Melim, se não me engano, foi de 2016 para 2017, e eles me mostraram umas músicas que eles tinham, e eles acabaram mostrando esta. Eram as músicas que eles iam lançar no primeiro disco deles. Eles me mostraram esta e falaram que não iam lançar e tal, ‘cara, se você quiser esta música ela tá totalmente de presente pra você’. Fiquei muito feliz, porque amo demais esta música, acho a letra linda, porque Melim são grandes compositores, além de grandes artistas, e eu não vi momento melhor pra chamá-los pra fazer uma participação, sendo que muita gente já pedia essa participação deles. Fiquei muito honrada por eles estarem participando, são amigos demais, e os conheço há muito tempo. Eles também ficaram muito felizes em participar, a gente tem uma ligação muito forte. A produção desta música, eu não tinha nem pensado, tinha tentado fazer uns arranjos pra ela, mas não tinha conseguido, mas a gente conseguiu uma bela saída e a música ficou linda. Quando escutei com as vozes deles, achei mais linda ainda, uma parada que estou escutando exatamente todos os dias. Ficou a minha cara e a cara deles, não mudou absolutamente nada, ficou uma parada que não fugiu em nada do que eles são e não fugiu em nada do que eu sou. Ficou… Nossa, juro, estou escutando essa música todos os dias.” Teu Nome Imita o Mar “Então, tinha recebido essa música mais ou menos no meio do ano passado. A Ana [Caetano, do duo Anavitória] falou, ‘cara, escrevi esta música, e, se você pilhar de gravar, ela tá aqui pra você. Enfim, gostei demais da música e [quando] fui gravar meu álbum, não lembrava dela; tinha levado para lá as minhas músicas autorais e as que recebi também. Aí no meio da gravação, a Ana me lembrou da música, e eu falei, ‘caraca, velho, tem essa!’ Mostrei pro Rafa e ele pirou, e todo mundo pirou demais na música. Ela também tem uma parada meio que um xote assim, de dançar grudado. A Ana escreve muito bem e é uma pessoa que admiro muito. Fico muito feliz de ter encontrado [Anavitória] na minha vida, porque é uma dupla que escuto há muito tempo. É uma das artistas que mais admiro e receber uma música dela, ter esta música no meu disco, pra mim é muito importante. Saber que a Ana também tá ansiosa pra ouvir esta faixa é uma parada que nunca imaginei na minha vida, que ela chegaria pra mim e falaria, ‘cara, grava esta música’. Nunca achei que isso fosse acontecer na minha vida. Então estou muito feliz, a composição é muito linda, muito detalhada e a produção também é muito bonita, tem todos os detalhes possíveis. Acho que a galera vai gostar muito desta música também.” Cozinha “‘Cozinha’ foi uma música que escrevi pensando em absolutamente nada [risos]. Tentei lembrar de algumas coisas pelas quais tinha passado e acabei lembrando de um ex-relacionamento, e foquei nisso, nos detalhes. Pra mim foi muito bom, porque consegui colocar pra fora coisas que não esperava. O nome ficou ‘Cozinha’, porque realmente fica na cabeça e as pessoas vão [questionar]: ‘Por que ‘Cozinha’? Por que que uma música teria esse nome?’. A produção é incrível, todo mundo para quem mostrei a música amou demais, e também fica na cabeça. É uma música triste, mas com a qual as pessoas vão se identificar muito, ainda mais quem teve um relacionamento que infelizmente não foi pra frente. Mas isso não quer dizer que o relacionamento que não foi pra frente não deu certo, porque na verdade, dar certo é muito [questão de] ponto de vista. Então fico muito feliz com esta música e com o momento em que escrevi ela, quando ela saiu. Ela também, assim como ‘Acho Que Te Amo’, é uma das primeiras músicas que pensava que estaria no álbum.” Casa 180 “Ela é um interlúdio, na real. Quando escrevi esta música, a gente já tava pensando no álbum e a Mari, que é a minha produtora, falou que ia ser muito massa se tivesse um interlúdio; me mostrou referências e tal. Achei uma parada muito absurda, porque nunca tinha reparado no que era um interlúdio, e comecei a entender. E aí falei, ‘cara, preciso compor um interlúdio. O nome, ‘Casa 180’, não tem absolutamente nada a ver com a faixa, e é só porque meu celular [usou] ‘Casa 180’ como nome quando gravei a música nele; eu pensei, ‘cara, isso é um sinal do universo para que o nome da música seja ‘Casa 180’’, e aí ficou este nome. Quando fomos produzir a faixa, falei pro Rafa, ‘cara, imagino uma música que comece tranquilamente e vai subindo, subindo e quando a pessoa pensar que ela vai explodir… ela acaba’. Fiz ela realmente nessa intenção.” Mulher “Essa música, eu nem consigo enganar ninguém, mas quando a escrevi tinha acabado de escutar ‘Lounge’, da Maria Gadú, e sou muito fã da Maria. Faltava uma frase pra completar a música, escutei ‘Lounge’ e consegui completar a frase e [finalizar] a música... É uma que, pra mim, é o lado B do álbum. Acho que a galera vai se identificar bastante, porque o disco tem muitos estilos e ritmos sabe, acho que esse ritmo mais ‘sexy song’ não ia faltar no disco. É uma música de que gosto muito, que escrevi há muito tempo também e a grande inspiração foi a Maria Gadú. Ela tem um baixo muito lindo no refrão, e parece meio ‘down’, mas ao mesmo tempo é uma ‘sexy song’ que você não entende direito, sabe? Enfim, eu acredito que a galera vai gostar bastante desta música.” Por um Triz “O começo desta música fala ‘eram quatro da manhã’... E realmente quando escrevi ela eram quatro da manhã. Eu tava na cama e não tava conseguindo dormir e falei, ‘cara, acho que preciso escrever alguma coisa’. Acabei levantando, peguei o violão e a música saiu em 15 minutos. Enfim, é uma de que gosto muito, que também acabei não pensando em nada; foi uma que saiu da minha cabeça, foi o horário em que eu estava; comecei a imaginar coisas e acabei escrevendo a música. Das pessoas pra quem a mandei, muitas se identificaram. Enfim, acho que é uma música com um refrão que pega muito e a produção dela também é outra que fiquei babando muito. Achei o violão muito classudo e, querendo ou não, hoje, das que escuto, é uma das minhas músicas preferidas.” Nada Nada “Esta foi uma que… Enfim, foi muito engraçado, porque eu tava aqui em casa e estava conhecendo uma mulher, tava ficando com ela, num momento tipo, ‘cara, será que tô sendo emocionada? Eu tô começando a ficar com ciúmes dela, não tô entendendo’. Tava aqui em casa com o meu melhor amigo, que é meu produtor, e ele falou, ‘cara, coloca isso pra fora, vamos escrever alguma coisa’. Tá, acabamos escrevendo, e pensei, ‘velho, acho que gostei desta música’. Postei no Twitter e postei no Instagram. Hoje em dia, esta música no Twitter tem mais de 100 mil visualizações e no Instagram tá perto disso também. Acabei arquivando no Instagram, porque sabia que ela entraria no álbum. Mas é uma música da qual a galera espera muito, até porque postei as faixas do álbum e ela tá como ‘Nada Nada’, e a galera [pergunta]: ‘Velho, emocionada é ‘Nada Nada’? Pelo amor de Deus, me fala e tal’. Sei que tão esperando muito. Na produção, tentei não fugir do que já havia postado, que a galera gostou. Então ela tem aquele lance mais acústico, tem um ovinho, um violão muito presente, um baixo muito bonito e uma guitarra no refrão. Então é uma música realmente muito simples, mas que a letra pega todo mundo e no final todo mundo é muito emocionado.” Fique Mais “Acabei recebendo esta música muito antes, não lembrava dela quando a gente foi escolher as músicas do álbum, e foi a minha produtora que lembrou e disse, ‘cara, você lembra da ‘Fique Mais’, da Lorena [Chaves]? Tira ela e canta pra ver como ficaria na sua voz’. Fui lá, cantei e me apaixonei desde o primeiro momento que escutei. A Lorena é uma grande artista que admiro muito e uma grande compositora. Creio que esta música é a mais tranquila do disco – fala da relação de duas pessoas, que você não quer que a pessoa vá embora. Então a partir do momento que recebi a música, já sabia que ela estaria no álbum. Pra mim, é uma composição muito forte, que vai pro lado mais MPB possível, até porque ela é a única música do álbum que tem violão [com cordas] de nylon. Querendo ou não, meu pai escutava muito João Gilberto. Então pra mim foi uma coisa que fiquei lembrando, fiquei pensando até no momento em que tava gravando. Meu pai escutaria esta música, sabe? Meu pai ia gostar disso. Então ela foi realmente pra esse lado mais MPB mesmo, mais bossa nova. Gostei muito; o violão dela, pra mim, é incrível. Ela me pegou muito, e gravá-la foi incrível, porque lembro que foi a primeira música que, quando entrei no estúdio, eu gravei. Então ela tem um lugarzinho separado no meu coração, sabe?” Quem Sou Eu “‘Quem Sou Eu’ é uma música que escrevi realmente pensando em mim. Até falo sobre timidez e insegurança. É uma música que gostei muito de compor porque na primeira estrofe eu falo de mim; falo da pessoa que eu sou. E na segunda estrofe, acabo falando da pessoa com quem estou me relacionando. Quando mandei pros meus amigos, todos queriam que eu colocasse no álbum. Pra mim, é uma composição muito forte também e a galera vai gostar muito. Ela se tornou uma das minhas preferidas, ainda mais depois da produção. Você não espera que ela ganhe isso, você espera que ela seja uma música contínua, e ela dá uma surpreendida depois do primeiro refrão.” Eu Quero Muito Mais “Cara imaginei muito esta música como a última faixa, porque já me imagino terminando o show com ela. Ela é a mais antiga que escrevi, em 2017, se não me engano. Foi uma música que escrevi pro momento que tava passando e percebi que tinha que exigir mais de mim pra ser a artista que quero ser, sabe? Então ela é realmente sobre isso. A letra dela pra mim tem grande importância e, querendo ou não, também é lado B do disco, porque ela tem uma parada mais pesada assim. Mas foi nesse intuito, música de fechamento de disco, música de fechamento de show e acho que a galera vai se surpreender bastante com ela.”

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