

Mike Túlio e Guto Oliveira são dois jovens músicos que falam sobre amor com sinceridade e simbiose no duo OUTROEU. A Mágica Por Trás da Forma, seu terceiro álbum, acompanha uma nova fase da carreira, mais eletrônica e aprimorada. Depois do auge da pandemia – e de muitos sonhos e desejos –, o álbum chega engendrado por histórias, alegrias e tristezas. “Acho que há uma mágica por trás das coisas. A gente já vem refletindo há um tempo sobre como tudo tem acontecido. São grandes realizações”, revela Oliveira ao Apple Music. O álbum conta com diversas parcerias, como Lulu Santos, a cantora Anna Pêgo e as compositoras Bibi e Mayra. “A sonoridade é muito nova e, ao mesmo tempo, é algo que gente sempre quis fazer. É o primeiro álbum em que a gente colabora com a produção do início ao fim,” explica Oliveira. A seguir, a dupla OUTROEU fala sobre cada uma das músicas de A Mágica Por Trás Da Forma:
Me Jogou Fora
Guto Oliveira: “Iniciou com um clima voz e violão, meio MPB, meio Skank. A gente começou a compor à distância, mas o resultado final ficou com uma sonoridade totalmente diferente. Entrou a base eletrônica que abriu um outro universo que acabou ditando todo o álbum. E funciona muito bem no palco, traz uma catarse. A gente tocou na abertura do show do Imagine Dragons, e o resultado ficou incrível. Gostamos de falar de amor. A letra tem essa historinha de alguém com quem você teve muita intimidade um dia, e você percebe que a pessoa não fala mais com você, mas continua falando sobre você para outras pessoas.”
Delírio (com Clarissa)
GO: “Escrevemos a música com a [compositora mineira] Bibi e depois finalizamos com a Clarissa [Müller, atriz e cantora]. Fala de uma saudade extrema. Neste caso é um pouco mais profundo, porque ainda existe um amor forte ali. Você visualiza a sua rotina com aquela pessoa que saiu da sua casa, mas cada canto tem uma memória. Você revira objetos e lembra de coisas, como se fosse um delírio. No fundo é um amor que ainda existe, mas infelizmente não há mais o casal. O sentimento persiste, pelo menos para uma das pessoas.”
Mike Túlio: “É como se você estivesse vendo um vulto na sua casa, delirando mesmo.”
Baby
MT: “Fiz [esta música] com o Guto e com o Leo Costa, que é o baixista da banda e o nosso maestro. Decidimos compor uma música meio Claudinho & Buchecha, porque amamos a dupla. É sobre uma pessoa que sente aquele amorzinho de criança, que gosta muito de alguém, mas não entende que a pessoa não gosta dela. É o amor platônico.”
Terminei (com Anna Pêgo)
GO: “Esta música fala de um término, sobre a pessoa que não queria que a relação tivesse acabado. É sobre querer voltar.”
MT: “E é aquele término recorrente, para testar e ver se a pessoa volta ou se muda alguma coisa.”
GO: “Virou esse trapzinho, porque a gente foi entendendo o tema e o que a música queria expressar.”
Meu Bem (com Nanno)
MT: “É uma história engraçada. A gente estava no carro do [cantor] Zeeba, indo participar de um show dele no interior de São Paulo. Estávamos eu, [o cantor] Nanno e Zeeba. Na volta, o Nanno não parava de falar, era algo sem fim. Então pensei em direcionar a energia: coloquei um beat e comecei a gravar. Pensei: ‘Vamos compor aqui’. Nanno começou a cantar ‘Meu bem…’. Já veio com o refrão pronto! Depois eu mandei para o Guto e terminamos a música juntos.”
GO: “Fala de uma saudade leve, como se fosse um rolo muito mágico. A pessoa se distancia, mas, como não havia um compromisso, tem mais leveza. E a gente conseguiu trazer esse clima também para a produção da música.”
Ouvi Falar
GO: “Mike iniciou no piano e eu, Nanno e [a cantora e compositora] Mayra cantarolamos em cima. É sobre deixar o fim acontecer no amor. É sobre uma relação que vai esfriando.”
MT: “Acho que a gente tem uma alma de ‘tadinho’. É um pouco de sentimento de criança.”
GO: “A gente sofreu muito ouvindo Sandy & Júnior na infância.”
MT: “Assistimos muito [aos programas de TV] Chaves e Chapolin, talvez venha daí essa coisa de ‘tadinho’.”
Ninguém Precisa Saber
GO: “Eu, Mike e Bibi compomos esta música juntos. É aquele rolo que ‘ninguém precisa saber’ por muitos motivos. E você pensa: ‘Vamos deixar quieto’. Tem funcionado muito bem nos shows. Ela é meio densa, meio misteriosa.”
Da Boca Pra Fora
GO: “Esta começou pela base. Gravei uma guitarra, depois a gente colocou um beat de trap e todo mundo curtiu, eu, Mike e Pedro Calais [da banda Lagum].”
MT: “Na paleta de cores de um término, esta é a parte da raiva.”
GO: “É o desabafo. Sai do estigma do ‘tadinho’. Tem uma birra, mas ainda se gostam.”
Pra Onde Ir
MT: “É uma música da pandemia. É a tristeza humana, o ápice disso. Saiu de um jeito sincero. Não quis colocar muitas coisas no arranjo. A gente optou por fazer algo bem cru. É um respiro de sinceridade.”
Agora Eu Sei
GO: “A gente também compôs esta com a Bibi. É sobre alguém que deixou o amor esfriar, e a relação acabou. Só que depois a pessoa sente saudade e diz: ‘Agora eu sei e não largo você nunca mais’. Acaba havendo uma reconciliação. A pessoa teve um tempo para maturar os sentimentos e perceber o quanto a outra é importante.”
Praia (com Lulu Santos
GO: “Foi muito legal ter o Lulu Santos como intérprete e também como um dos compositores da música.”
MT: “Lulu tem muitas músicas sobre praia e elementos do oceano, como ‘De Repente Califórnia’, ‘Sereia’ e ‘Como Uma Onda’. Ele contou que ouviu a nossa música ‘Oceana’ [single de 2020 com Melim] e gostou muito. ‘Praia’ tem esse lado romântico. É uma brincadeira meio ‘não saia da nossa praia’ para dizer: ‘Fica perto de mim.’ A base é do Alex Favilla [um dos produtores do álbum].”
GO: “Pedimos para Lulu fazer uma parte e ele mandou por mensagem de áudio o trecho em voz e violão. A gente pirou! Ele modulou a música, jogou para outro tom, com uma letra muito legal. Fez algo que a gente nunca faria e ficou demais!”
MT: “O som ficou solar, uma mistura de Harry Styles com Silk Sonic e Anderson .Paak, com uns acordes anos 70.”
Não É Como Antes
GO: “É como o nome diz: aquele amor que mudou. Você vê a pessoa – ou ela aparece nas suas redes sociais – e sente alguma coisa, mas não é tão difícil como antes. É sobre cura.”
Chuva
GO: “É a tristeza máxima. É a música mais densa do álbum, como se fosse um choro mesmo. É a dor. É quando você percebe que a relação não tem mais volta e agora tem que olhar para si mesmo e sair dessa. Uma dorzinha boa.”
Nada Demais
MT: “Eu acho que o sentimento desta música é maneiro, mas a gente entendeu que não vinha da gente, parecia vir de alguém meio fanático, um amor platônico. É aquela pessoa que quer ter o amor retribuído, mas não tem. Algo do tipo: ‘Não é nada de mais o que eu quero com você. Só quero tudo’. De certa forma, todo mundo tem um pouquinho disso, uma carência.”
GO: “Pode ser também só um rolê a que você vai e fica de olho em uma pessoa que não olha de volta.”
Outra Noite
MT: “A gente compôs com Pedro Calais e terminou com a Bibi. A base foi feita pelo Alex Favilla.”
GO: “É outra da série ‘ninguém precisa saber’, como se fosse uma continuação.”
MT: “Parece algo de desenho animado ou de videogame, meio futurista. É um casal misterioso que está se encontrando às vezes e só queria uma outra noite para poder curtir.”
GO: “Tem esse imaginário noturno, rolê de carro, brilho e guitarrinha.”